O Banco Central decidiu, na quarta-feira (10/12/2025), manter a Taxa Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva do Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão unânime ocorre em meio ao recuo da inflação e à desaceleração da economia, alinhando-se às expectativas do mercado financeiro.
O Copom informou que a estratégia atual é preservar a Selic por período prolongado, sem indicar previsão para início de cortes. O comunicado enfatizou a permanência de um cenário de incertezas que exige atuação cautelosa por parte da política monetária. A taxa permanece no maior nível desde julho de 2006.
Desde setembro de 2024, quando a Selic iniciou novo ciclo de alta, o Banco Central vem ajustando a política monetária até alcançar os atuais 15% ao ano, patamar estabelecido na reunião de junho de 2025.
Contexto econômico e trajetória da taxa Selic
A taxa básica havia caído para 10,5% ao ano em maio de 2024, mas a combinação entre pressões inflacionárias e instabilidade econômica motivou o início de um novo ciclo de aperto monetário meses depois. Desde então, o Copom tem reforçado a necessidade de preservar a política contracionista como ferramenta para assegurar o cumprimento da meta de inflação.
A recusa do comitê em iniciar cortes reflete a avaliação de que a desinflação ainda exige monitoramento e pode ser impactada por fatores externos, como variações cambiais. O comunicado destacou que o Copom poderá ajustar os próximos passos se considerar necessário.
A manutenção do nível atual da taxa reforça a estratégia de atuação prolongada sobre os preços e a demanda agregada, buscando garantir que a inflação permaneça dentro dos limites definidos.
IPCA e desempenho recente da inflação
A inflação oficial, medida pelo IPCA, registrou alta de 0,18% em novembro, o menor percentual para o mês desde 2018. No acumulado de 12 meses, o indicador soma 4,46%, retornando ao teto da meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
O sistema de meta contínua, adotado desde janeiro de 2025, determina objetivo central de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Nesse modelo, a verificação da meta ocorre mês a mês, com base no acumulado dos últimos 12 meses.
A projeção do Banco Central, divulgada no último Relatório de Política Monetária em setembro, estimou o IPCA de 2025 em 4,8%, mas o cálculo será revisto diante das recentes oscilações do dólar e do comportamento dos preços.
Projeções do mercado financeiro
As expectativas do boletim Focus indicam inflação de 4,4% em 2025, levemente acima do teto da meta, mas inferior às estimativas do mês anterior. Sobre o crescimento econômico, o mercado prevê avanço de 2,25% do PIB, enquanto o Banco Central projeta expansão de 2%.
Essas divergências refletem a percepção de que o ambiente econômico segue sensível aos efeitos dos juros elevados, à dinâmica dos preços e aos condicionantes externos.
Impactos do crédito e funcionamento da política monetária
A manutenção da Selic em 15% ao ano influencia diretamente o custo do crédito, que permanece elevado. Juros altos encarecem financiamentos, reduzem consumo e restringem a produção, contribuindo para contenção da demanda e alívio na pressão inflacionária.
Em sentido oposto, a elevação dos juros pode limitar o ritmo de crescimento econômico, principalmente para setores dependentes de financiamento. A taxa básica também serve de referência para operações com títulos públicos e para as demais taxas cobradas na economia.
O Copom reforça que eventual redução dependerá da convicção de que a inflação está controlada e sem risco de aceleração. A autoridade monetária mantém a disposição de retomar ajustes caso o cenário demande reação mais intensa.
Perspectivas para os próximos ciclos do Copom
A ata da reunião deve aprofundar os elementos avaliados pelo comitê e detalhar a interpretação sobre o cenário econômico doméstico e internacional. A próxima edição do Relatório de Política Monetária, prevista para o fim de dezembro, deverá atualizar as projeções oficiais para inflação e atividade econômica.
A política de manutenção por período prolongado permanece central na estratégia da instituição, que considera essencial consolidar expectativas e garantir estabilidade no comportamento dos preços.
*Com informações da Agência Brasil.
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