CNI alerta que manutenção da Selic em 15% inibe crédito, investimento e crescimento econômico

Confederação destaca efeitos da taxa de juros sobre consumo, indústria e mercado de trabalho no Brasil.
Confederação destaca efeitos da taxa de juros sobre consumo, indústria e mercado de trabalho no Brasil.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) criticou nesta terça-feira (16/12/2025) a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15%, afirmando que a medida compromete o crescimento econômico ao elevar o custo do crédito e inibir investimentos. Segundo a entidade, o país já apresenta taxas de juros reais entre as maiores do mundo, atrás apenas da Turquia.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou que a permanência da Selic nesse patamar é excessiva e prejudicial, e que um ciclo gradual de redução poderia ocorrer sem afetar a convergência da inflação para a meta. Ele ressalta que os efeitos dos juros elevados ainda não se manifestaram por completo, indicando espaço para ajuste da política monetária.

De acordo com a CNI, a taxa de juros real deve encerrar 2025 em torno de 10,5% ao ano, cerca de 5,5 pontos percentuais acima da taxa neutra determinada pelo Banco Central, evidenciando postura monetária conservadora que mantém o país entre os que possuem juros reais mais altos do mundo.

Impactos no consumo e na indústria

O diretor de Economia da CNI, Mario Sérgio Telles, afirmou que a desaceleração econômica está diretamente ligada às taxas de juros. O crescimento das concessões de crédito, que foi 10,7% em 2024, deve encerrar 2025 em 3,6% e atingir 3% em 2026, refletindo na redução do consumo, projetado para apenas 1,8% no próximo ano.

A entidade também aponta que o nível atual da Selic está 4,5 pontos percentuais acima da taxa de equilíbrio, compatível com o controle da inflação e pleno emprego, limitando o desenvolvimento econômico e a competitividade da indústria.

No setor industrial, a produção acumulada de janeiro a outubro de 2025 cresceu apenas 0,8% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, indicando perda de ritmo frente ao crescimento de 1,5% do 1º trimestre e 0,3% do 2º trimestre do mesmo ano.

Efeitos sobre mercado de trabalho e dívida pública

Entre julho e outubro de 2025, o aumento de pessoas ocupadas foi de apenas 0,1%. O encarecimento do crédito e a alta da inadimplência reduziram as concessões de crédito para 4,5%, ante 10,7% no período anterior.

Além disso, a Selic elevada impacta o setor público, elevando o custo da dívida. Dados do Banco Central indicam que 1 ponto percentual de aumento na Selic eleva a dívida bruta do governo geral em R$ 55,6 bilhões em 12 meses, pressionando o déficit nominal.

Inflação apresenta queda e retorna à meta

Apesar dos juros altos, a inflação mostra sinais de recuo, com o IPCA de novembro de 2025 subindo 0,18%, acumulando 4,46% em 12 meses, dentro da meta de tolerância. As expectativas futuras também indicam tendência de queda, com projeções de 4,16% para 2026, 3,8% para 2027 e 3,5% para 2028, segundo o Boletim Focus.


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