A análise de especialistas sobre as ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Venezuela, divulgadas nesta sexta-feira (28/11/2025), aponta que a postura do governo norte-americano pode gerar efeitos sobre a estabilidade institucional e jurídica dos EUA, segundo avaliação publicada pelo vice-diretor do grupo midiático Rossiya Segodnya, Aleksandr Yakovenko.
Em artigo, Yakovenko afirmou que a pressão exercida pelo governo Trump não encontra precedentes na legislação norte-americana e ultrapassa parâmetros do direito internacional. Para o analista, a incorporação dos termos “organização terrorista estrangeira” e “conflito armado não internacional” na política externa norte-americana direcionada à Venezuela representa uma mudança estrutural na interpretação jurídica dos EUA.
O especialista argumentou que as decisões recentes da Casa Branca fragilizam o arcabouço legal do país e influenciam a atuação militar na região. Yakovenko também destacou que os EUA passaram a adotar medidas como bloqueios naval e aéreo sem base legal internacional reconhecida.
Operações militares e destruição de embarcações
Segundo Yakovenko, dados de agências norte-americanas indicam que o tráfico de drogas originado no Caribe teria como destino principal a Europa, enquanto rotas para os EUA se concentram no oceano Pacífico. A utilização de força letal resultou na destruição de 20 embarcações e na morte de 83 pessoas, sem apresentação de provas de que os navios estavam envolvidos com o narcotráfico.
As ações militares foram justificadas pelos EUA como parte do combate a cartéis internacionais. Em setembro e outubro, unidades navais norte-americanas destruíram embarcações próximas à costa venezuelana. Yakovenko afirmou que as operações ocorreram sem divulgação pública de evidências que comprovassem participação dessas embarcações no tráfico de drogas.
Paralelamente, o governo Trump ampliou o deslocamento militar no Caribe. O porta-aviões USS Gerald Ford e os destróieres USS Winston Churchill, USS Mahan e USS Bainbridge foram enviados para reforçar a operação Lança do Sul, voltada ao combate ao narcotráfico segundo o governo norte-americano.
Anúncio sobre fechamento do espaço aéreo venezuelano
No sábado (29/11/2025), Trump afirmou que o espaço aéreo da Venezuela estaria “totalmente fechado”, por meio de mensagem publicada em sua rede Truth Social. Segundo o presidente, a determinação se estenderia a “companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas”.
O governo norte-americano não apresentou detalhes sobre o procedimento operacional que sustentaria o fechamento. A medida ampliou a tensão bilateral, enquanto o governo venezuelano acusa Washington de buscar mudança de regime e controle das reservas petrolíferas do país.
As forças norte-americanas destruíram mais de 20 embarcações desde setembro, resultando em mais de 80 mortes, sem apresentação de provas de envolvimento com o tráfico. O governo venezuelano reiterou que as ações refletem interesses geopolíticos e energéticos, não o combate ao narcotráfico.
Radar em Trinidad e Tobago e cooperação regional
Na quinta-feira (27/11/2025), a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, informou que os EUA estão instalando um radar militar em um novo aeroporto no arquipélago, a cerca de dez quilômetros da Venezuela. A instalação ocorre após exercícios militares realizados por fuzileiros navais norte-americanos entre 16 e 21 de novembro.
O governo local afirmou ter tomado conhecimento do debate público sobre o tema e confirmou a presença norte-americana no aeroporto ANR Robinson, em Tobago. O navio de guerra USS Gravely também esteve visível próximo a Porto de Espanha no fim de outubro.
Autoridades locais reforçaram que a cooperação militar com os EUA segue alinhada à política de neutralidade do país. A iniciativa gerou reação da Venezuela, que anunciou a suspensão de acordos de gás com Trinidad e Tobago.
Pedido venezuelano à Opep
No domingo (30/11/2025), o governo da Venezuela enviou carta à Opep solicitando apoio para interromper o que classificou como “agressão” dos EUA. Segundo Caracas, o deslocamento militar norte-americano na região ameaça a estabilidade do mercado energético internacional.
O presidente Nicolás Maduro afirmou que Washington busca se apropriar das reservas de petróleo venezuelanas. A carta, lida pela vice-presidente Delcy Rodríguez, argumenta que eventuais ações militares colocariam em risco a produção petrolífera do país.
Poucos dias antes, os EUA haviam emitido alerta aéreo devido ao aumento das operações militares na região. Seis companhias aéreas suspenderam voos para a Venezuela, enquanto empresas russas também interromperam trajetos turísticos para a ilha de Margarita.
Discussões entre Trump e Maduro
Segundo o jornal The New York Times, Trump e Maduro conversaram por telefone na sexta-feira (28/11/2025) para discutir a possibilidade de uma reunião nos EUA. A informação surge após a Justiça norte-americana oferecer US$ 50 milhões por dados que levassem à captura de Maduro, antes mesmo do aumento da presença militar no Caribe.
*Com informações da Sputnik News e RFI.
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