Rússia retomará Donbass à força caso tropas ucranianas permaneçam na região, diz presidente Vladimir Putin

Declaração foi feita antes da visita oficial de Vladimir Putin à Índia e amplia incertezas sobre o plano de paz americano.
Declaração foi feita antes da visita oficial de Vladimir Putin à Índia e amplia incertezas sobre o plano de paz americano.

A Rússia retomará o controle total do Donbass à força caso as tropas ucranianas não deixem a região, afirmou o presidente Vladimir Putin em declaração divulgada nesta quinta-feira (04/12/2025). A posição reforça o impasse nas negociações mediadas pelos Estados Unidos e amplia as tensões sobre o futuro do conflito.

Putin afirmou ao jornal India Today, antes de sua visita oficial a Nova Délhi, que Moscou só reconhece duas possibilidades para o desfecho territorial: a retirada das forças ucranianas ou a retomada militar da área. O governo ucraniano, por sua vez, rejeita qualquer cessão territorial, especialmente no Donbass, ponto central do plano de paz apresentado pelo presidente americano Donald Trump.

A fala ocorre após a reunião entre Putin, o empresário Steve Witkoff e o conselheiro Jared Kushner no Kremlin na terça-feira (02/12/2025), encontro no qual Moscou afirmou ter aceitado “algumas propostas americanas” sem detalhamento público.

Tensões sobre propostas de paz

Na madrugada de quarta (03/12/2025) para quinta (04/12/2025), Trump declarou que o avanço das negociações permanece incerto, classificando o encontro como “relativamente bom”, mas condicionado à disposição de ambas as partes. Segundo o americano, Putin demonstra intenção de acordo, embora mantenha exigências territoriais consideradas prioritárias por Moscou.

A Rússia reconhece como parte de seu território as regiões de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia desde 2022, após referendos contestados pela Ucrânia e aliados ocidentais. Além disso, a Crimeia foi anexada em 2014, em ação considerada violação do direito internacional pela maior parte da comunidade internacional.

A Ucrânia reafirma que não aceitará mudanças territoriais forçadas. O ministro das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, citou o precedente do Acordo de Munique (1938) ao criticar concessões territoriais, defendendo que o país não pode ser “punido” por uma guerra iniciada pela Rússia.

Reações internacionais e pressão diplomática

Em visita à China também nesta quinta-feira (04/12/2025), o presidente francês Emmanuel Macron declarou que qualquer compromisso deve preservar o direito internacional e garantir estabilidade de longo prazo. A declaração ocorreu após encontro com Xi Jinping e reflete a preocupação europeia com acordos que possam validar anexações.

A Ucrânia afirma que não aceitará propostas que envolvam concessões no Donbass, composto pelas regiões de Luhansk e Donetsk. Moscou controla atualmente toda Luhansk e cerca de 80% de Donetsk, avanço iniciado em 2014 e intensificado após a invasão ampliada em 2022.

Combates e bombardeios no Donbass

Os combates permanecem concentrados na cidade de Pokrovsk, considerada estratégica pelo controle das rotas de acesso às últimas grandes cidades de Donetsk ainda sob domínio ucraniano. Apesar de Moscou ter reivindicado o avanço total na área no início da semana, o chefe do Estado-Maior da Ucrânia, Oleksandr Syrsky, afirmou que batalhas continuam nos bairros do norte.

A linha de frente, que se estende por aproximadamente 1.200 quilômetros, segue sob ataques diários. Bombardeios noturnos atingiram infraestrutura energética e industrial, deixando dezenas de milhares de ucranianos sem eletricidade e aquecimento no sul do país. As regiões mais afetadas foram Kherson e Odessa.

O governador Oleksandr Prokoudine acusou Moscou de manter ataques contra áreas civis, reforçando que a população permanece sob risco contínuo.

Situação energética e impacto humanitário

A destruição de instalações críticas intensifica a pressão sobre a capacidade ucraniana de sustentar serviços essenciais durante o inverno. Autoridades locais relatam danos recorrentes a subestações e redes de distribuição, dificultando a restauração completa do fornecimento de energia.

A continuidade dos ataques compromete centros industriais e logísticos, aumentando os custos de recuperação e dificultando o envio de suprimentos militares e humanitários.

*Com informações da RFI.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.