O jornalismo baiano registrou, na terça-feira (02/12/2025), a morte de José Carlos Pereira de Medeiros, conhecido como Zeca Medeiros, aos 64 anos, após complicações decorrentes de mieloma. Ele estava internado no Hospital Roberto Santos, em Salvador, onde aguardou regulação até intervenção de Maria Rita Pontes, presidente das Obras Sociais de Irmã Dulce. O enterro ocorreu no mesmo dia, no Cemitério do Campo Santo.
A família confirmou que o diagnóstico havia sido estabelecido oito meses antes, no Hospital Santo Antônio, da Osid. Zeca chegou a iniciar quimioterapia no Hospital Roberto Santos, mas o tratamento foi suspenso devido a infecções, resultando no agravamento do quadro clínico. Os irmãos Gilmar e Rogaciano Medeiros, também jornalistas, acompanharam o período de internação.
Segundo Rogaciano, Zeca enfrentou complicações sucessivas desde a primeira internação, mas manteve lucidez e disposição para dialogar com amigos e colegas. Ele era reconhecido por sua dedicação a debates sobre comunicação, ciência e sociedade, mantendo rotina de leitura mesmo durante o tratamento.
Trajetória acadêmica e vínculos profissionais
Ex-funcionário da Petrobrás, Zeca se formou em Química na antiga Escola Técnica Federal e iniciou Matemática na Universidade Federal da Bahia em 1986. No mesmo período, solicitou desligamento da estatal e ingressou na Faculdade de Belas Artes da UFBa, área pela qual demonstrava forte interesse e na qual se aposentou.
Ainda nos anos 1980, migrou para o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, concluído em 1990 na Faculdade de Comunicação (Facom) da UFBa. Sua atuação acadêmica e profissional era reconhecida pela comunidade universitária, que destacou seu comprometimento institucional em nota oficial divulgada pela Facom.
Em 1987, o jornalista enfrentou um acidente na praia, que provocou lesão grave na coluna. Após longa internação, ficou tetraplégico, mas, segundo familiares, recuperou movimentos parciais dos braços após extensa fisioterapia, passando a ser considerado paraplégico. Mesmo diante das limitações físicas, manteve rotina intelectual ativa e ampliou seu percurso acadêmico.
Produção intelectual e projetos interrompidos
Zeca era conhecido por seu interesse multidisciplinar e pela manutenção de debates frequentes com colegas, familiares e estudantes. Conforme relato da família, ele preservou hábito de estudo contínuo e dialogava sobre temas ligados às ciências humanas, tecnologia, artes e política pública.
Antes de adoecer, estava em fase final do curso de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais da UFBa. Faltava apenas a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso para finalizar mais uma formação superior. A instituição informou que os registros acadêmicos serão avaliados conforme regulamentos internos.
Colegas próximos destacaram que Zeca mantinha participação ativa em discussões acadêmicas e estudava regularmente, apesar das demandas médicas e das limitações de mobilidade. Seu vínculo com o ambiente universitário permanecia constante e influenciou diversas gerações de estudantes.
Reconhecimento institucional e despedida
A comunidade acadêmica e jornalística da Bahia manifestou pesar pela morte, ressaltando o impacto do jornalista em espaços de pesquisa e formação. A Facom destacou sua participação ativa em debates e sua contribuição para o fortalecimento do ambiente universitário.
Entidades e colegas lembraram também sua atuação em projetos internos da universidade, além de sua interação constante com profissionais da comunicação. A despedida no Cemitério do Campo Santo reuniu familiares, amigos e integrantes da comunidade jornalística.
A morte de Zeca mobilizou discussões sobre acesso ao tratamento de mieloma na rede pública, tema frequentemente abordado por profissionais de saúde e entidades ligadas à assistência hospitalar. O Hospital Roberto Santos é uma das duas unidades públicas em Salvador com recursos específicos para essa enfermidade.
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