O Tesouro Nacional aprovou um empréstimo de até R$ 12 bilhões para os Correios, em decisão anunciada na quinta-feira (18/12/2025), em Brasília. A operação tem como finalidade a reestruturação econômico-financeira da estatal, dentro dos limites fiscais vigentes e com garantia da União. Apesar do valor total autorizado, a empresa poderá utilizar até R$ 5,8 bilhões em 2025, montante compatível com o déficit primário estimado para o ano.
O financiamento aprovado terá prazo de 15 anos, com três anos de carência, e juros equivalentes a 115% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). O percentual ficou abaixo do teto de 120% do CDI, parâmetro normalmente adotado pelo Tesouro em operações com garantia federal.
A decisão ocorre após a rejeição, no início do mês, de um pedido anterior de R$ 20 bilhões, considerado incompatível com os critérios de custo e risco estabelecidos pela equipe econômica.
Condições da operação e análise técnica
A proposta foi analisada pelo Tesouro Nacional em conjunto com cinco instituições financeiras, sendo três privadas e duas públicas, cujos nomes não foram divulgados oficialmente. Segundo o órgão, a operação atende aos critérios de capacidade de pagamento exigidos para estatais que possuem plano de reequilíbrio financeiro validado.
Com a aprovação, os Correios iniciarão a negociação das minutas contratuais com os bancos participantes, sob a supervisão da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e do próprio Tesouro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia informado que a decisão seria tomada até a sexta-feira (19/12/2025), como parte do esforço para dar uma resposta rápida à situação da empresa.
Economia em relação a propostas anteriores
De acordo com o Tesouro, a nova operação representa uma redução significativa do custo financeiro em comparação com a proposta rejeitada anteriormente. A diferença nos encargos de juros pode gerar uma economia estimada em quase R$ 5 bilhões ao longo do contrato.
Na primeira rodada de negociações, um pool de bancos, formado por Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra, havia apresentado uma proposta de R$ 20 bilhões, com juros de 136% do CDI, índice considerado excessivo pelo governo, apesar de ter sido aprovado pelo Conselho de Administração dos Correios.
CMN cria sublimite específico para viabilizar crédito
Para permitir a operação, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou, também na quinta-feira (18/12/2025), uma resolução que cria um sublimite específico de R$ 12 bilhões para operações de crédito com garantia da União destinadas aos Correios.
Com a mudança, o limite global anual de crédito para entes públicos em 2025 foi ampliado de R$ 27,4 bilhões para R$ 39,4 bilhões. A medida considera a execução orçamentária da estatal e mantém a operação alinhada às regras fiscais. O déficit primário projetado dos Correios para 2025 foi revisado de R$ 3,42 bilhões para R$ 5,8 bilhões, segundo o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias.
Haddad defende parcerias e reestruturação sem privatização
O ministro Fernando Haddad afirmou que os Correios devem permanecer sob controle estatal, mas precisam buscar parcerias com empresas públicas e privadas para ampliar receitas. Segundo ele, a capilaridade da empresa, presente em praticamente todos os municípios, abre espaço para novos modelos de negócios, incluindo serviços financeiros, como seguros e previdência, em parceria com instituições como a Caixa Econômica Federal.
Haddad reforçou que qualquer apoio financeiro dependerá do aval do Tesouro e de condições consideradas adequadas. Ele destacou que os recursos não têm como objetivo postergar a crise, mas viabilizar uma reorganização estrutural da estatal.
Situação financeira e posição do governo federal
Os prejuízos dos Correios aumentaram nos últimos anos. O resultado negativo passou de R$ 633 milhões em 2023 para R$ 2,6 bilhões em 2024. Entre janeiro e setembro de 2025, o déficit acumulado chegou a R$ 6 bilhões, com estimativa de até R$ 10 bilhões ao final do ano.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que não haverá privatização dos Correios, embora admita parcerias e até um modelo de economia mista, desde que o controle permaneça com o Estado. Segundo Lula, mudanças na gestão já foram realizadas e novas medidas poderão ser adotadas para recuperar a empresa.
Contexto fiscal e ajustes em estatais
Durante encontros com jornalistas, Haddad também abordou a diferença contábil entre investimentos e despesas em estatais, citando exemplos como o Serpro e a Eletronuclear. Segundo o ministro, o governo trabalha em soluções estruturais para empresas públicas em dificuldade, sem comprometer a sustentabilidade fiscal.
O governo federal criou recentemente um mecanismo para evitar que estatais não dependentes passem automaticamente à condição de dependentes do Tesouro, permitindo maior flexibilidade na reorganização financeira dessas empresas.
*Com informações da Agência Brasil.
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