Chefe da ONU defende importância de economia global única

António Guterres está na capital do Camboja, Phnom Penh, para a 12ª Cúpula entre a ONU e a Associação de Nações do Sudeste Asiático.
António Guterres está na capital do Camboja, Phnom Penh, para a 12ª Cúpula entre a ONU e a Associação de Nações do Sudeste Asiático.

Em um momento em que as divisões geopolíticas ameaçam desencadear novos conflitos e tornar os mais antigos mais difíceis de resolver, a economia global não pode se dar ao luxo de ser dividida em dois campos opostos.

Foi o que afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em entrevista coletiva na capital do Camboja, Phnom Penh, neste sábado (12/11/2022). Ele participa da 12ª Cúpula entre a ONU e a Associação de Nações do Sudeste Asiático, Asean, formada por 10 países.

Divisão econômica deve ser evitada

Nesta sexta-feira, Guterres falou aos membros da Asean e afirmou que uma divisão da economia global, lideradas pelas duas maiores forças, Estados Unidos e China, deve ser evitada a “todo custo”.

Para o chefe da ONU, a formação de dois “conjuntos diferentes de regras, duas moedas dominantes, duas internets e duas estratégias conflitantes em inteligência artificial”, minariam a capacidade do mundo de responder aos desafios enfrentados.

Ele disse que os países da Asean estão bem-posicionados para superar essa divisão, enfatizando que “devemos ter uma economia e um mercado global com acesso para todos”.

“Pesadelo sem fim” em Mianmar

O líder das Nações Unidas também relatou algumas das questões discutidas na cúpula, incluindo a situação em Mianmar, que ele descreveu como “um pesadelo sem fim para o povo do país e uma ameaça à paz e à segurança em toda a região”.

Os militares de Mianmar tomaram o poder em fevereiro de 2021 e, desde então, o país vive uma crise política, de direitos humanos e humanitária. Guterres disse que a Asean adotou uma abordagem baseada em princípios para a questão por meio de seu Consenso de Cinco Pontos.

Estratégia unificada necessária

O plano foi adotado em abril de 2021 e exige a cessação imediata da violência, diálogo construtivo entre as partes, nomeação de um enviado especial, prestação de assistência humanitária e visita do enviado especial ao país.

Guterres fez um apelo a todos os países, incluindo os membros do bloco regional, que busquem uma estratégia unificada para Mianmar, centrada nas necessidades e aspirações da população.

Soluções para tempos turbulentos

A guerra na Ucrânia, a crise global de energia e alimentos e a emergência climática também estiveram na agenda da cúpula. Para o secretário-geral da ONU, as organizações regionais são essenciais para construir soluções globais.

Ele viajou para o Camboja vindo do Egito, onde está em andamento a Conferência sobre Mudança Climática da ONU.

Guterres está pedindo um Pacto de Solidariedade Climática para economias desenvolvidas e emergentes para combinar recursos e capacidades contra as mudanças climáticas.

Ele também está pressionando para que os líderes cheguem a um acordo sobre um mecanismo financeiro para apoiar os países que sofrem perdas e danos causados ​​por desastres relacionados ao clima.

O chefe da ONU segue para Bali, na Indonésia, para a cúpula do G20, que reúne as principais economias do mundo e começa nesta terça-feira.

Proposta de pacote de estímulo

Segundo Guterres, sua prioridade será falar pelos países do Sul Global que foram atingidos pela pandemia do Covid-19 e pela emergência climática e agora enfrentam crises em alimentos, energia e finanças, que são agravadas pela guerra na Ucrânia e dívidas.

Ele afirmou que os líderes do G20 devem adotar um pacote de estímulo para fornecer aos países em desenvolvimento investimentos e liquidez.

A ONU também está trabalhando para aliviar a crise alimentar global, estendendo uma iniciativa histórica para colocar os grãos ucranianos de volta nos mercados e removendo obstáculos às exportações russas de alimentos e fertilizantes.

Guterres também destacou a posição clara das Nações Unidas sobre a Ucrânia. Ele reforçou que a invasão russa é uma violação da Carta da ONU e da integridade territorial do país.

Ao mesmo tempo, reiterou que é importante criar as condições para o restabelecimento progressivo do diálogo que conduza a um futuro pacífico, acrescentando que a paz dever ser “baseada nos valores da Carta das Nações Unidas e no direito internacional”.

*Com informações da ONU News.


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