Iniciativa na Baía de Todos os Santos promove restauração dos recifes da APA das Pinaúnas

Iniciativa na Baía de Todos os Santos promoverá restauração dos recifes da APA das Pinaúnas.

Nestes Dia Mundial do Meio Ambiente (05/06/2023) e Dia Mundial dos Oceanos (08/06), a ONG Socioambientalista PRÓ-MAR celebra as datas com a execução de um trabalho que visa a restauração do ecossistema marinho costeiro, por meio do cultivo do coral nativo, Millepora alcicornis, em 1,5 km² dos recifes da Área de Proteção Ambiental (APA) das Pinaúnas, localizada em Mar Grande – Ilha de Itaparica.

Realizada através do Projeto Mares, em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, a ação teve início em fevereiro deste ano e, durante dois anos, integrará pesquisadores e comunidade em um objetivo único de contribuir para a conservação da biodiversidade na Baía de Todos os Santos (BTS).

Alinhada ao chamado da Organização das Nações Unidas (ONU), à Década da Restauração dos Ecossistemas (2021 – 2030), a ideia de cultivar corais nativos na BTS surgiu durante a reclusão imposta pela pandemia da Covid-19. “Durante a pandemia, recluso em casa como muitas outras pessoas, eu ficava sempre observando as coisas que trazia do mar, fazia extração de espécies invasoras e eu achava bonito aquelas colônias e ficava ali imaginando que aquele material natural, orgânico poderia servir para alguma coisa”, relata José Roberto Pinto, o Zé Pescador, diretor presidente da ONG PRÓ-MAR e coordenador geral do Projeto Mares.

Foi então que, durante uma brincadeira com o filho Gabriel, Zé começou a cortar embalagem de leite e fazer massinha de cimento utilizando o esqueleto triturado do coral invasor como matéria prima. “Coloquei naquelas forminhas ainda sem ter a ideia que aquilo poderia ser utilizado como uma sementeira”, diz. Após conversar com pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e conhecer sobre suas experiências com a restauração de corais, comecei a perceber que estes bloquinhos feitos durante a brincadeira com o Gabriel poderiam ser utilizados como substrato, como sementeira para o cultivo das Milleporas.

“Seguindo a orientação dos pesquisadores, iniciamos os experimentos colocando esses ‘bloquinhos’ lá no mar, em berçários de cerâmica e, alguns meses depois, vimos que a Millepora havia mimetizado em todo aquele substrato e começou a se desenvolver”, explica Zé Pescador.

Ele conta que, durante os experimentos realizados pela equipe da PRÓ-MAR e pesquisadores também foram observados que os lacres de plásticos utilizados para fixação das sementeiras foram rapidamente encapsulados pelas Milleporas e daí veio, também, a ideia de desenvolver estruturas que pudessem acelerar o crescimento dos corais.

“A gente começou isso em um sítio pequeno, uma área pequena de cerca de 2 a 3 metros quadrados, aqui dentro do Recife das Pinaúnas, mas tivemos resultados tão satisfatórios que este trabalho passou a ganhar visibilidade, tendo sido inclusive citado em uma nota na revista científica Science, uma das mais conceituadas do mundo”.

A visibilidade conquistada com a iniciativa realizada na Ilha de Maré, através do Projeto Corais de Maré, que tem patrocínio da Braskem, serviu de incentivo para a ONG expandir sua iniciativa para uma área maior, passando a realizar a restauração de parte de um recife de coral na região norte da BTS, próximo à ilha de Maré.

“Nesta etapa instalamos mil sementeiras com as Milleporas no recife e, agora, com o Projeto Mares, expandimos ainda mais a nossa atuação reunindo pessoas da comunidade, pescadores, filhos de pescadores e marisqueiras”, destaca o Zé Pescador.

Em sua avaliação, o coordenador do Projeto Mares, afirma que para que o trabalho e esse processo de restauração tenha um resultado e ganhe escala é preciso que ele seja inclusivo e não exclusivo e que as comunidades tradicionais passem a conhecer dessas metodologias de restauração e socioambientais que possam possibilitar que esses ambientes sejam restaurados e, com isso, atraia biodiversidade marinha e fortaleça também essa cadeia de produção de alimento que o recife e esses ecossistemas propiciam e também contribuir para a segurança alimentar das populações tradicionais que sobrevivem da pesca e da mariscagem.

“Queremos chegar em um ponto em que a Bahia possa se tornar referência não só nacional, mas também internacional. Que esse trabalho de restauração e da criação de corais em sítios marinhos possa se tornar também políticas públicas e que haja mais investimentos voltados a isso”, finaliza Zé Pescador.

Iniciativa na Baía de Todos os Santos promoverá restauração dos recifes da APA das Pinaúnas.


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