Em um período histórico marcado pela busca do desenvolvimento e superação do atraso, o economista Paul Singer (1932-2018) se destaca ao traçar os limites da teoria desenvolvimentista e apontar as contradições inerentes ao desenvolvimento capitalista. Sua contribuição pioneira para uma perspectiva crítica em relação ao capitalismo é fundamental para o entendimento das barreiras estruturais enfrentadas pela economia dependente.
No terceiro volume da Coleção Paul Singer, intitulado “Desenvolvimento e política: reflexões sobre a crise dos anos 1960”, publicado em parceria entre a Editora Unesp e a Editora da Fundação Perseu Abramo, Singer apresenta sua análise sobre o desenvolvimento capitalista e sua relação com a economia colonial. O autor destaca a importância de compreender criticamente o processo de desenvolvimento sob uma perspectiva socialista, a fim de superar as contradições presentes tanto na economia colonial quanto no próprio capitalismo.
Singer denuncia a modernização política que ocorreu sem uma revolução democrática, resultando na submissão das formas políticas das oligarquias às formas dos grandes grupos econômicos emergentes, que passaram a disputar o controle político e do Estado. Essas contradições econômicas e políticas do Brasil nas décadas de 1950 e 1960 são exploradas em seu trabalho, que se tornou uma referência para a crítica radical ao capitalismo e às políticas das classes dominantes.
Alexandre de Freitas Barbosa, responsável pela apresentação da obra, ressalta a relevância do legado deixado por Paul Singer. O autor é reconhecido por suas interpretações sobre a economia brasileira, suas contribuições no campo da economia política marxista e seu engajamento como economista do Partido dos Trabalhadores (PT). Além disso, Singer foi um militante e teórico da economia solidária, buscando concretizar sua visão do socialismo democrático.
Sobre o autor
Nascido em Viena, Áustria, em 1932, Singer chegou ao Brasil em 1940 e teve uma carreira acadêmica e política destacada. Formou-se em Economia pela Universidade de São Paulo, tornou-se doutor em Sociologia e foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), do PT e da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares na USP. Como Secretário Nacional de Economia Solidária, de 2003 a 2016, contribuiu para promover práticas econômicas mais justas e igualitárias.
A publicação de “Desenvolvimento e política: reflexões sobre a crise dos anos 1960” na Coleção Paul Singer em 2022, seguida por outras obras, como “Uma utopia militante: três ensaios sobre o socialismo” e “Economia solidária: introdução, história e experiência brasileira”, demonstra o impacto duradouro das ideias e do legado deixado por Singer. Suas reflexões continuam sendo relevantes para a compreensão crítica da economia, do desenvolvimento e do papel do capitalismo na sociedade.
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