Dez anos após a início do Caso Lava Jato, construtoras investigadas buscam retomada em contratos públicos

Setor de construção pesada enfrenta desafios e busca novos caminhos para crescer após impactos do Caso Lava Jato.
Setor de construção pesada enfrenta desafios e busca novos caminhos para crescer após impactos do Caso Lava Jato.

Dez anos após o início da Operação Lava Jato, o setor de construção pesada no Brasil continua a enfrentar os reflexos da investigação. Especialistas indicam que, mesmo com os desafios persistentes, as construtoras buscam se reabilitar e retomar o crescimento, explorando oportunidades tanto no setor público quanto no privado.

Ao longo da Lava Jato, as principais empreiteiras do país foram alvo de investigações por esquemas de cartel em contratos públicos. Acordos de leniência foram firmados, e executivos de destaque, como Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo, enfrentaram condenações por crimes como organização criminosa e corrupção.

O cenário de encolhimento das grandes construtoras abriu espaço para o surgimento de novos concorrentes, como Construtora Passarelli e Dimensional Engenharia, que cresceram em infraestrutura. Dados do IBGE revelam que as médias construtoras, com 5 a 29 empregados, ultrapassam em número as grandes construtoras, enquanto as pequenas, com 1 a 4 pessoas, somam 6.682 no país. Empresas estrangeiras também ingressaram no mercado, assumindo obras de infraestrutura.

O faturamento das 100 maiores empresas de construção despencou de R$ 138 bilhões em 2013 para R$ 56 bilhões em 2022, de acordo com o ranking da revista O Empreiteiro. Após julho de 2023, três grandes empreiteiras, incluindo a Novonor e Andrade Gutierrez, foram reabilitadas para prestar serviços à Petrobras. A OEC, braço de engenharia da Novonor, busca conquistar R$ 10,2 bilhões em novos negócios até 2027.

A reestruturação pós-Lava-Jato envolveu a mudança de nomes e divisões de empresas, como no caso da OAS, que deu origem à Coesa e ao Grupo Metha. Ambas enfrentam recuperação judicial, enquanto a Camargo Corrêa dividiu-se em Camargo Corrêa Infra e 4C.

Empreiteiras como Queiroz Galvão focam em parcerias público-privadas para impulsionar o crescimento. A Andrade Gutierrez Engenharia, que antes atuava predominantemente em obras públicas, agora concentra 100% de sua carteira em clientes privados, com um estoque de contratos avaliado em R$ 10 bilhões.

A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) prevê uma retomada nos investimentos em infraestrutura, especialmente em energia renovável, com mais de 500 projetos de parcerias público-privadas em diversas esferas do governo. O Brasil, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), planeja investir R$ 1,7 trilhão até 2028.

Apesar do fundo do poço, indicadores do setor sugerem uma recuperação. Empresas brasileiras estão mais cautelosas com governança e compliance, resultado da vigilância pós-Lava-Jato. Ainda assim, algumas construtoras, como a Mendes Junior, enfrentam desafios significativos para se recuperar, evidenciando que os efeitos da Lava-Jato persistem em diferentes graus no setor.

*Com informações do Jornal O Globo.


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