Fotógrafos desafiam Ditadura Civil-Militar: a história por trás de “Máquinas ao chão”

No aniversário de 40 anos do episódio conhecido como “Máquinas ao chão”, jornalistas relembram o gesto de coragem protagonizado por fotógrafos em 1984, durante a ditadura militar. Naquele dia, profissionais da imagem se recusaram a fotografar o então presidente João Figueiredo, em um ato de protesto contra as restrições impostas pela repressão.

O gesto, ocorrido em 24 de janeiro de 1984, foi uma resposta às constantes tensões entre os fotógrafos e o presidente Figueiredo. Entre os conflitos anteriores, destaca-se o momento em que o presidente, após receber um deputado, se recusou a sorrir para a imprensa, alegando estar em sua casa. Outro episódio ocorreu quando os fotógrafos foram proibidos de registrar reuniões no gabinete presidencial, após relatarem seu conteúdo aos repórteres de texto.

Diante das crescentes limitações, os fotojornalistas credenciados decidiram colocar suas câmeras no chão durante a descida do presidente pela rampa do Palácio do Planalto. O ato, registrado no documentário “A Culpa é da Foto”, de André Dusek, Eraldo Peres e Joédson Alves, tornou-se um símbolo de resistência e coragem para os jornalistas brasileiros.

Segundo Sérgio Marques, repórter fotográfico na época, após o episódio os fotógrafos não foram advertidos, e o acesso ao presidente foi retomado. Porém, Figueiredo expressou seu desagrado com o protesto em uma ocasião posterior, ressaltando a relevância do gesto para a história do jornalismo brasileiro.

O documentário, disponível no YouTube, resgata a memória desse momento histórico e homenageia os profissionais que participaram do ato de bravura. Para Joédson Alves, diretor do filme, “Máquinas ao chão” é uma referência de coragem e resistência para toda a categoria jornalística, que enfrenta desafios constantes na defesa da liberdade de imprensa e da democracia.