Políticas públicas para superar crise humanitária dos Yanomami não chegam às aldeias, dizem líderes indígenas na Câmara dos Deputados

Lideranças indígenas denunciam ineficácia das políticas públicas para enfrentar a crise humanitária dos Yanomami, destacando desnutrição e invasão de garimpeiros ilegais como principais problemas.
Lideranças indígenas denunciam ineficácia das políticas públicas para enfrentar a crise humanitária dos Yanomami, destacando desnutrição e invasão de garimpeiros ilegais como principais problemas.

Lideranças indígenas destacaram nesta terça-feira (09/07/2024), na comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha a crise humanitária dos Yanomami, que as políticas públicas para superar a crise na região Norte do País não têm chegado às aldeias. Os Yanomami enfrentam desnutrição, invasão de garimpeiros ilegais, conflitos, destruição ambiental e disseminação de doenças.

Beto Goés, representante da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes, criticou a ineficiência do Estado brasileiro em cuidar do povo Yanomami nos estados do Amazonas e Roraima. Ele ressaltou que, embora o governo federal tenha destinado verbas para a saúde dos Yanomami, os resultados não são visíveis, especialmente em Roraima. Em 2023, o Ministério da Saúde registrou 363 mortes de indígenas em território Yanomami, um aumento de quase 6% em relação ao ano anterior.

Goés atribuiu a responsabilidade pela crise ao governo federal, estadual e municipal, destacando que, apesar da retirada de garimpeiros ilegais, invasores de facções criminosas ainda ocupam a região. Gerson Ninam, representante da Associação Texoli Ninam, de Roraima, manifestou preocupação com a presença desses invasores e pediu maior segurança e presença da Polícia Federal. Ele mencionou que a malária é um problema grave na região, agravado pela falta de remédios e água potável.

Rui Leno, secretário da Associação Xoromawe Indígena, em Barcelos (AM), alertou que a situação dos Yanomami no município é precária. Ele cobrou ações coordenadas dos governos municipal, estadual e federal para garantir acesso a água potável, educação e saúde. A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) ressaltou a importância da educação escolar indígena, que é de responsabilidade estadual, mas requer comprometimento dos municípios. Ela destacou a necessidade de adaptar a alimentação escolar aos costumes indígenas e defendeu mais emendas orçamentárias para enfrentar a crise.

A deputada Silvia Waiãpi (PL-AP), ex-secretária de saúde indígena, criticou o isolamento dos indígenas, que, segundo ela, prejudica o acesso à educação e à tecnologia. O deputado Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) sugeriu que a comissão externa dialogue com a subcomissão especial da Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais sobre a crise Yanomami. Malafaia também propôs que a subcomissão participe da visita da comissão externa aos territórios Yanomami, prevista para ocorrer entre 4 e 14 de novembro, após o período eleitoral.

Antes da visita, a comissão realizará uma audiência pública no dia 13 de agosto, com representantes da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e dos ministérios da Educação, Justiça e Povos Indígenas. No debate de hoje, a participação de nove líderes indígenas foi prejudicada pela falta de acesso à internet.

*Com informações da Agência Câmara de Notícias.


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