O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um corte de R$ 25 bilhões em gastos públicos, medida que gera otimismo entre investidores após a desvalorização do real no primeiro semestre de 2023. A decisão ocorre em meio a um cenário de crescimento econômico moderado e busca restaurar a confiança nas finanças públicas.
A correspondente do Le Figaro no Brasil, Eléonore Hughes, reportou que o real apresentou a maior desvalorização desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023. Em julho, a cotação do dólar alcançou R$ 5,7, evidenciando um contexto econômico desafiador. Diante dessa situação, o presidente optou por uma abordagem conciliatória, visando apaziguar as tensões no mercado.
Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula fez uma série de promessas que geraram receios entre investidores quanto a possíveis “despesas extravagantes”. Contudo, ao assumir a presidência, o governo comprometeu-se a manter a disciplina orçamentária. Apesar desse compromisso, os dados financeiros de 2022 indicaram um aumento de 12,5% nos gastos, resultando em um déficit primário de -2,1%, após um excedente de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano anterior. Esse cenário elevou a dívida pública para 88,1% do PIB, levantando questionamentos sobre a sustentabilidade das finanças nacionais.
O relacionamento entre Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem sido marcado por divergências. Lula acusou Campos Neto de ter uma agenda política, o que gerou uma deterioração nas relações, especialmente após a decisão da autoridade monetária de manter a taxa de juros em 10,5% ao ano, mesmo após sete cortes consecutivos. Essa situação acendeu um alerta no mercado, especialmente quando Lula expressou hesitações sobre a necessidade de redução dos gastos no final de junho.
Apesar das dificuldades, Le Figaro aponta que a economia brasileira apresenta sinais positivos, com uma inflação em 3,9% em maio, um crescimento de 2,9% e a taxa de desemprego alcançando 7,9% no primeiro trimestre de 2024, o menor índice em uma década. O economista Marcelo Portugal alertou, no entanto, sobre a necessidade de garantir o reembolso de títulos de crédito no futuro.
O mercado financeiro aguarda a efetivação dos cortes anunciados por Haddad. A passagem da presidência do Banco Central para Gabriel Galipolo, aliado do ministro da Fazenda, em 2025, também é vista como um fator que pode fortalecer o real e acalmar as preocupações dos investidores estrangeiros, segundo análise divulgada pelo diário francês.
*Com informações da RFI.
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