Ministério da Saúde enfrenta corte de R$ 4,4 bilhões em novo orçamento federal

Redução de R$ 15 bilhões no orçamento da União afeta 30 ministérios, com impacto significativo na Saúde, Educação e Infraestrutura.
Redução de R$ 15 bilhões no orçamento da União afeta 30 ministérios, com impacto significativo na Saúde, Educação e Infraestrutura.

O recente corte de R$ 15 bilhões no orçamento da União para 2024, anunciado pelo governo federal, afeta diretamente 30 dos 31 ministérios, além de programas importantes como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e emendas parlamentares. Apenas o Ministério do Meio Ambiente foi poupado desta redução orçamentária, conforme divulgado em edição extra do Diário Oficial da União nesta terça-feira, 30 de julho.

Entre as pastas mais impactadas, o Ministério da Saúde enfrentará o maior corte em números absolutos, com uma redução de R$ 4,4 bilhões, o que representa 9,4% do total de despesas previstas para o próximo ano. Em seguida, o Ministério das Cidades sofrerá uma redução de R$ 2,1 bilhões, enquanto o Ministério dos Transportes terá R$ 1,5 bilhão a menos e o da Educação perderá R$ 1,3 bilhão de seu orçamento.

O Programa de Aceleração do Crescimento, um dos principais projetos do governo federal, também será impactado, com R$ 4,5 bilhões suspensos, que serão distribuídos entre os ministérios. As emendas parlamentares de Comissão e de Bancada, frequentemente utilizadas para atender demandas locais dos congressistas, sofreram um corte de R$ 1,2 bilhão.

Do ponto de vista proporcional, o Ministério das Mulheres foi o mais prejudicado, com 17,5% de seus recursos congelados. Outros ministérios como Pesca, Turismo e Igualdade Racial tiveram cortes de 14% em seus orçamentos. As pastas têm até o dia 6 de agosto para detalhar quais programas serão ajustados para acomodar o novo cenário de restrição financeira.

Esses cortes recaem sobre o orçamento discricionário, ou seja, as despesas que não são obrigatórias e incluem investimentos e programas de manutenção. Trata-se do maior corte realizado de uma só vez durante o atual mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que poderá ser revertido caso haja uma melhoria na arrecadação nos próximos meses.

A decisão de bloquear essas despesas busca garantir o cumprimento das regras estabelecidas pelo novo arcabouço fiscal e a meta de alcançar o déficit zero. Segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do Ministério da Fazenda, a medida foi necessária diante de um aumento inesperado nos gastos obrigatórios, principalmente com a Previdência Social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A arrecadação, por outro lado, sofreu uma queda, agravada pela recente derrubada do veto à desoneração da folha de pagamentos pelo Congresso Nacional.

Os valores compreendem um total de R$ 11,2 bilhões em despesas bloqueadas, destinadas a compensar o aumento nos gastos obrigatórios, e R$ 3,8 bilhões contingenciados, devido à diminuição na previsão de receitas. O bloqueio acontece quando as despesas do governo superam o teto estabelecido pelo arcabouço fiscal, que limita o crescimento das despesas a 70% do crescimento da receita, com um teto de 2,5% ao ano, desconsiderando a inflação.

De acordo com a Fazenda, o aumento nas despesas obrigatórias decorre de um “comportamento inesperado” na entrada de novos pedidos de benefícios previdenciários, além de mudanças nos fluxos internos que reduziram a fila para o recebimento dos mesmos. O contingenciamento, por sua vez, está diretamente relacionado ao esforço para atingir a meta fiscal de déficit zero, que estipula que as despesas não podem exceder a arrecadação.

A expectativa de arrecadação foi reduzida após o Congresso reverter o veto à desoneração da folha de pagamentos, o que diminuiu a alíquota previdenciária paga por 17 setores econômicos sobre a folha de seus funcionários. Agora, o governo busca um meio termo para compensar essa perda de receita por meio de uma Medida Provisória.

O desafio de equilibrar as contas públicas se intensifica, com o governo operando no limite da margem negativa permitida pelo novo arcabouço fiscal, que autoriza um déficit de até 0,25% do PIB, equivalente a R$ 28,8 bilhões negativos em 2024. Esse cálculo, no entanto, não leva em conta possíveis emergências, como os recursos destinados a combater a crise climática no Rio Grande do Sul.

*Com informações da DW.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.