A cúpula ampliada do Brics, realizada nesta quinta-feira (24/10/2024) em Kazan, Rússia, reuniu representantes dos cinco países membros do bloco, além de outras 31 nações e seis organizações internacionais, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU). O evento ocorreu no contexto da 16ª conferência de líderes do Brics, onde foram discutidos temas como a reforma da governança global, o desenvolvimento do Sul Global e a crise humanitária na Faixa de Gaza.
O presidente da China, Xi Jinping, destacou o papel crescente dos países do Sul Global, caracterizando-o como um fator fundamental na transformação mundial atual. Segundo o líder chinês, a ascensão coletiva dessas nações representa um movimento histórico, ainda que marcado por desafios. Ele ressaltou a necessidade de os países do Sul desempenharem um papel mais ativo na reforma das estruturas econômicas globais e defenderem o desenvolvimento como prioridade nas agendas internacionais. Em relação ao conflito na Faixa de Gaza, Xi Jinping defendeu um cessar-fogo abrangente e a retomada das negociações para uma solução de dois Estados, com atenção à contenção de possíveis escaladas para o Líbano.
Participação ampliada
O encontro em Kazan contou com a presença de países como Cuba, Bolívia, Venezuela, Turquia, Vietnã, Indonésia, Bangladesh e Malásia. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, também participou, abordando a crise em Gaza. O Brasil foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que destacou questões como o bloqueio a Cuba, a necessidade de reforma da ONU e a situação na Ucrânia, criticando a postura dos países que alegam defender os direitos humanos, mas “fecham os olhos para as atrocidades atuais”.
O presidente russo, Vladimir Putin, enfatizou que a transição para uma ordem mundial mais equitativa enfrenta resistência de forças que se baseiam em uma lógica de dominação. Ele criticou sanções unilaterais, o protecionismo econômico e a interferência nos assuntos internos de outros países. Sobre o conflito no Oriente Médio, Putin reforçou o apoio à criação de um Estado palestino independente, afirmando que essa medida é essencial para alcançar a paz duradoura na região.
Reformas na governança global
A necessidade de reformar a arquitetura financeira global foi um ponto comum nas falas dos líderes. Putin criticou o fato de que a crescente importância dos países em desenvolvimento na economia mundial não se reflete adequadamente nos sistemas de governança do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e de outras instituições multilaterais. S. Jaishankar, ministro das Relações Exteriores da Índia, apontou que o Brics ilustra o declínio da velha ordem mundial e o avanço para uma estrutura mais multipolar. Ele defendeu reformas em organizações financeiras internacionais, argumentando que seus procedimentos são tão desatualizados quanto os da ONU.
Jaishankar também destacou as desigualdades persistentes no acesso aos recursos para desenvolvimento e tecnologias modernas, pedindo maior equidade nesses aspectos. Ele elogiou os esforços iniciados pela Índia durante sua presidência do G20 e expressou apoio ao Brasil, que assumiu a continuidade desse processo.
O papel das Nações Unidas
O secretário-geral da ONU, António Guterres, presente na cúpula, elogiou o compromisso com o multilateralismo e a busca por soluções coletivas para os desafios globais. Guterres reconheceu que a atual estrutura financeira internacional é ineficaz e injusta, e defendeu a reestruturação das dívidas dos países vulneráveis, além de maior apoio financeiro às nações em situação crítica. Reiterou ainda a necessidade de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, com a liberação incondicional de reféns e a entrega de ajuda humanitária, enfatizando a urgência de resolver o conflito por meio da implementação da solução de dois Estados.
Reivindicações do sul global
O conceito de Sul Global refere-se a países em desenvolvimento, em grande parte localizados no Hemisfério Sul. Durante a cúpula, a defesa de um papel mais relevante dessas nações nos fóruns internacionais foi um tema recorrente, com ênfase na redistribuição de poder na governança global e na promoção de um sistema econômico mais justo e inclusivo.
O discurso dos representantes do Brics reflete a insatisfação com a atual ordem mundial, considerada inadequada para lidar com as demandas de um cenário geopolítico em transformação. A reivindicação de uma reforma nas estruturas multilaterais visa garantir que o peso econômico e político das economias emergentes seja refletido nos processos decisórios, com o objetivo de assegurar um desenvolvimento mais equilibrado.
*Com informações da Agência Brasil.
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