Brasil avança na integração sul-americana com novo acordo para investimentos em rotas estratégicas

Durante o 7º Fórum Brasil de Investimentos, o Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) assinaram um Memorando de Entendimento, visando consolidar a colaboração no desenvolvimento de rotas estratégicas de integração na América do Sul. O acordo, de natureza multilateral, reforça o compromisso brasileiro com o fortalecimento da infraestrutura física e digital entre países da região, com foco na ampliação de investimentos e no estímulo ao comércio intrarregional.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, destacou a importância das parcerias para alcançar os objetivos de integração. Segundo ela, o investimento em infraestrutura precisa dobrar, o que exige contribuições de fontes estrangeiras e nacionais.

“O que precisamos é de parcerias com a ApexBrasil, que agrega expertise e visibilidade internacional ao país, facilitando o aporte de capital externo”, declarou Tebet.

O memorando define objetivos para promover a utilização das Rotas da Integração Sul-Americana por meio de parcerias com agências de promoção de comércio e investimento em outros países da América do Sul e junto ao setor privado. Esse esforço conjunto inclui engajar associações e empresas em iniciativas para o fortalecimento do comércio, buscando reduzir os custos e o tempo de transporte de mercadorias entre os países da região e a Ásia. Tebet destacou a importância de avançar em um comércio seguro e digitalizado, enfatizando que uma rede intrarregional bem estruturada contribuirá para o desenvolvimento econômico, o turismo e a geração de empregos.

O acordo também prevê a promoção de igualdade de gênero e o empoderamento feminino em projetos conjuntos, além da troca de experiências técnicas e setoriais. O MPO planeja atividades para integrar o setor privado em ações conjuntas com outras agências regionais, facilitando a execução das rotas estratégicas. Cinco cidades brasileiras foram identificadas como pontos de partida das rotas: Manaus, Santos, Campo Grande, Belém e Cuiabá. Essas cidades serão conectadas a portos estratégicos na América do Sul, como Chancay, no Peru, e Montevidéu, no Uruguai, o que visa facilitar o comércio e o escoamento da produção brasileira.

Durante o fórum, Tebet também ressaltou a previsão de conclusão de uma parte significativa das obras até o final do mandato presidencial em curso. A ministra destacou que o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) direcionou 190 projetos para a integração regional e prevê financiamento de até US$ 10 bilhões. Desses, US$ 3 bilhões estão a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), enquanto instituições como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) disponibilizaram US$ 7 bilhões adicionais.

Especificamente, a Rota 2, que liga o estado do Amapá ao porto de Chancay, no Peru, é uma prioridade para o MPO, que pretende inaugurar uma parte da rota até a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática de 2025 (COP30), em Belém. Esse porto, construído com investimento chinês, poderá reduzir em 10 dias o tempo de transporte marítimo entre o Brasil e a China, oferecendo uma vantagem competitiva para exportadores brasileiros.

A iniciativa brasileira de integração regional através de infraestrutura de transportes reflete uma estratégia de longo prazo para inserir o país em cadeias de valor globais, facilitando o intercâmbio econômico com países sul-americanos e asiáticos. A ministra reforçou que os esforços atuais não geram impacto fiscal, pois todas as obras estão orçadas e incluídas no Novo PAC, permitindo a continuidade e finalização dentro dos prazos estabelecidos.