Parcerias estratégicas com a China podem impulsionar integração e reindustrialização no Brasil

O governo federal retoma a centralidade da integração sul-americana por meio do projeto Rotas de Integração Sul-Americana. Iniciativa inclui cinco rotas que conectam 11 estados brasileiros a países vizinhos. Especialistas destacam a importância do investimento chinês como catalisador para a infraestrutura, a bioceanidade e a reindustrialização do Brasil.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro oficial com o presidente da China, Xi Jinping, no Grande Palácio do Povo, em Pequim, abordando investimentos em infraestrutura.

O projeto Rotas de Integração Sul-Americana, lançado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), estabelece cinco rotas interligando 11 estados brasileiros a países vizinhos da América do Sul. A proposta visa fomentar o comércio, reduzir custos logísticos e facilitar o escoamento de exportações para mercados emergentes no Pacífico. As rotas planejadas são Ilha das Guianas, Amazônica, Quadrante Rondon, Bioceânica de Capricórnio e Bioceânica do Sul.

A ministra Simone Tebet destacou que o projeto envolve 190 obras de infraestrutura inseridas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), incluindo rodovias, ferrovias, portos e linhas de transmissão. Tebet também enfatizou que a integração sul-americana pode elevar o comércio regional, atualmente em 14%, a patamares similares aos da Europa e Ásia, onde as trocas internas superam 60%.

Especialistas apontam o investimento estrangeiro, em especial o chinês, como essencial para viabilizar a implementação do projeto. Diego Pautasso, doutor em relações internacionais, ressalta a importância de articular as iniciativas sino-brasileiras com o PAC e a reindustrialização do país. Segundo ele, parcerias com o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e o Novo Banco de Desenvolvimento, do BRICS, podem mitigar limitações orçamentárias e impulsionar o desenvolvimento industrial.

O economista Luciano Wexell Severo acrescenta que o projeto busca não apenas aumentar o comércio regional, mas também conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, ampliando as exportações brasileiras para mercados do Pacífico. Ele destacou que cerca de um terço dos projetos já tem recursos garantidos pela Lei Orçamentária Anual de 2024 e pelo PLOA de 2025, enquanto o restante dependerá de concessões e capital privado, com grande expectativa sobre a participação chinesa.

A integração sul-americana é uma prioridade histórica do Brasil desde a criação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) em 2000. No entanto, avanços foram interrompidos por crises internas e divergências políticas na região. A retomada das Rotas de Integração Sul-Americana marca um esforço renovado para consolidar a liderança regional do Brasil e ampliar sua presença econômica no continente.

Para Pautasso, a conclusão de obras ferroviárias, por exemplo, teria impacto significativo na indústria metalúrgica e outros setores correlatos, desencadeando um processo de reindustrialização necessário para fortalecer a economia nacional. A parceria com a China, segundo ele, pode ser o ponto de articulação decisivo para o sucesso do programa.

*Com informações da Sputnik News.


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