Violência contra cinegrafista da TV Aratu reacende alerta sobre ataques à imprensa

Cinegrafista foi agredido por policial militar durante cobertura jornalística em Salvador.
Cinegrafista foi agredido por policial militar durante cobertura jornalística em Salvador.

O cinegrafista Raimundo Carvalho, da TV Aratu, foi agredido na manhã de quarta-feira (09/04/2025), em Salvador, enquanto cobria a prisão de um policial militar investigado por envolvimento com uma organização criminosa. O episódio gerou reações de entidades ligadas à defesa da liberdade de imprensa e foi classificado como parte de um cenário contínuo de violência contra profissionais da comunicação no Brasil.

A agressão ocorreu durante a segunda fase da Operação Falsas Promessas, conduzida pelo Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), com apoio da Corregedoria da Polícia Militar. O policial detido, cuja identidade não foi divulgada, teria se irritado com a gravação feita por Raimundo, desferindo um tapa na câmera após pronunciar um xingamento.

O profissional relatou que não sofreu ferimentos físicos, mas se sentiu intimidado e desrespeitado no exercício de suas funções. Com 28 anos de carreira, Raimundo afirmou que já foi alvo de ameaças e testemunhou colegas passando por situações semelhantes durante coberturas policiais.

O caso foi denunciado ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba). Em nota, o presidente da entidade, Moacy Neves, condenou a agressão, classificando-a como uma violação ao direito à informação e solicitando providências imediatas das autoridades. O Sinjorba também informou que está à disposição de Raimundo para apoio jurídico, caso ele opte por registrar queixa formal ou representação à Corregedoria da PM.

Segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em 2023 foram registrados 181 casos de violência contra jornalistas no Brasil. Profissionais da televisão lideraram a estatística de agressões físicas, que representaram 22,1% do total. A Bahia figurou como o estado mais violento do Nordeste pelo segundo ano consecutivo, com 10 casos registrados.

Em escala global, a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) aponta que, desde 1993, 1.927 jornalistas foram mortos no exercício da profissão, com mais da metade dos casos sem solução. No Brasil, 54 jornalistas perderam a vida nesse período por conta de reportagens sobre temas sensíveis, o que reforça a preocupação com a segurança da categoria.

A agressão será incluída no relatório nacional de ataques a jornalistas organizado pela FENAJ e também será acompanhada pela Rede de Combate à Violência Contra Profissionais de Imprensa, coordenada pelo Sinjorba e pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI).

Até o fechamento desta reportagem, nem a TV Aratu nem a Secretaria de Segurança Pública da Bahia se pronunciaram sobre o caso.


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