Mercados globais reagem com cautela a declarações de Donald Trump sobre tarifas com a China

Bolsas da Ásia e Europa operam sob volatilidade após novos posicionamentos dos Estados Unidos.
Bolsas da Ásia e Europa operam sob volatilidade após novos posicionamentos dos Estados Unidos.

As bolsas internacionais reagiram com oscilação nesta quinta-feira (24/04/2025) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicar uma possível revisão de tarifas sobre produtos chineses. Embora Pequim tenha declarado estar aberta ao diálogo, o governo chinês negou a existência de negociações em curso, o que gerou incertezas nos mercados.

O Ministério do Comércio da China afirmou que qualquer afirmação sobre avanços nas discussões sino-americanas é especulativa. A declaração foi feita pelo porta-voz He Yadong, que reiterou que não há conversas formais em andamento com Washington.

As tensões comerciais se intensificaram após a imposição, por parte dos Estados Unidos, de tarifas adicionais de 145% sobre produtos chineses, justificadas por práticas consideradas desleais. A China respondeu com tarifas de 125% sobre mercadorias norte-americanas, ampliando o conflito entre as duas principais economias do mundo.

Na quarta-feira (23/04/2025), Donald Trump afirmou que os Estados Unidos alcançarão um “acordo justo com a China”. Questionado sobre contatos diretos com autoridades chinesas, Trump declarou que “tudo está ativo”. O secretário de Finanças dos Estados Unidos, Scott Bessent, acrescentou que a redução das tarifas de ambos os lados é pré-requisito para qualquer negociação e indicou que essa redução é possível.

As bolsas asiáticas apresentaram resultados mistos. O índice Nikkei, em Tóquio, subiu 0,48%, enquanto Sydney registrou alta de 0,6%. Em Seul, o mercado caiu 0,13% após dados indicarem contração econômica no primeiro trimestre de 2025, impactada pelas exportações. Na China, o índice Hang Seng recuou 1,21%, enquanto o índice composto de Xangai oscilou positivamente 0,03% e Shenzhen caiu 0,7%.

Especialistas apontam que as declarações dos Estados Unidos geraram um ambiente de curto prazo favorável à retomada de ativos de risco, mas sem sustentação firme. Kathleen Brooks, da XTB, afirmou que o mercado está reagindo a uma possível flexibilização das tarifas, embora a ausência de medidas concretas contenha o otimismo. Para Lloyd Chan, do MUFG Bank, o governo americano busca evitar instabilidades prolongadas nos mercados financeiros.

Apesar da retórica conciliatória, Scott Bessent alertou que um reequilíbrio comercial entre China e Estados Unidos poderá levar entre dois e três anos, e que Trump não apresentou proposta concreta de retirada de tarifas. Isso limita a euforia dos investidores, segundo analistas.

Na Europa, os mercados também registraram cautela. Paris abriu com queda de 0,55%, Frankfurt recuou 0,34%, enquanto Londres operava próxima da estabilidade, com alta de 0,06%. Milão registrou valorização de 0,3%. Os resultados foram influenciados também pela divulgação de balanços corporativos no continente.

A política cambial do Japão foi tema de pronunciamento do secretário do Tesouro americano, que afirmou que Washington não buscará alterações na taxa de câmbio do iene. A sinalização contraria posições anteriores de Trump, que vinha pressionando por um iene mais valorizado para equilibrar as exportações bilaterais. Stephen Innes, da SPI Asset Management, avaliou que a declaração representa uma mudança relevante diante da sensibilidade do mercado às falas do governo norte-americano.

*Com informações da RFI.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.