A Rede de Pontos de Cultura Indígenas foi lançada na manhã da terça-feira (29/04/2025), no Quadrilátero da Biblioteca Central dos Barris, em Salvador, reunindo representantes de comunidades indígenas da Bahia. A iniciativa é financiada pela Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e pela Política Nacional Cultura Viva, por meio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).
O projeto reconhece, articula e fortalece coletivos e territórios indígenas que desenvolvem ações culturais em suas comunidades. Na ocasião, 35 Pontos de Cultura foram oficialmente certificados, cada um com o recebimento de R$ 30 mil para apoiar atividades culturais. A cerimônia contou com a presença do secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, que realizou a entrega simbólica dos certificados.
Durante o evento, foi anunciada a construção de oito centros de cultura indígena em comunidades tradicionais do estado. Segundo a SecultBA, os novos centros serão espaços destinados à valorização de saberes tradicionais, memória coletiva e transmissão intergeracional. A previsão é de que esses centros sirvam também como locais de experimentação cultural e resistência simbólica.
Os investimentos superam R$ 1 milhão e visam preservar a memória e a produção cultural indígena. De acordo com Bruno Monteiro, as políticas públicas voltadas para os povos indígenas fortalecem o papel das comunidades como produtoras e guardiãs da cultura. O secretário destacou que o reconhecimento institucional contribui para o fortalecimento identitário e para a formação de uma rede cultural descentralizada.
A superintendente de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi-BA), Patrícia Pataxó, afirmou que a criação da rede representa um avanço no reconhecimento da cultura indígena como patrimônio imaterial essencial para a diversidade da Bahia. Segundo ela, o apoio financeiro é uma ferramenta de estímulo à autonomia cultural dos povos originários.
O evento foi aberto com uma demonstração do Toré, manifestação espiritual tradicional dos povos indígenas do Nordeste, e contou com a participação de representantes de cinco Territórios de Identidade. O Território Cultural Kaimbé, localizado em Euclides da Cunha, foi um dos premiados. Segundo a representante Cirila Kaimbé, o recurso será utilizado para construir um espaço de memória destinado ao seu povo.
O cacique Raimundo Nonato, da comunidade Atikum Lagoa do Surubabel, em Rodelas, destacou a importância da iniciativa para a visibilidade da cultura indígena. Ele relatou que muitas comunidades não tinham infraestrutura adequada para apresentar suas manifestações culturais. O recurso, segundo ele, representa um avanço significativo.
O edital que viabilizou a rede tem como objetivo reconhecer projetos culturais com impacto comprovado nas comunidades. Além dos Pontos e Pontões de Cultura certificados, foram incluídas organizações e coletivos que atuam culturalmente, mesmo sem certificação formal, e que agora podem ser reconhecidos no Cadastro Nacional da Cultura Viva.
A Bahia foi o primeiro estado a lançar uma chamada pública específica para a cultura indígena em 2024, reforçando seu papel como referência nacional na promoção da cultura comunitária. A medida tem como base a política pública de descentralização e inclusão cultural voltada para povos e comunidades tradicionais.
Os Pontos de Cultura são espaços reconhecidos pelo Ministério da Cultura e pela SecultBA como núcleos de produção cultural local. Atuam em territórios diversos e vulneráveis, promovendo atividades voltadas para juventude, povos tradicionais, cultura digital e novas economias criativas.
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