No segunda-feira (01/06/2025), especialistas reunidos pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado (CCT) apontaram o elevado consumo de energia elétrica dos data centers, principais estruturas para processamento de dados usados em inteligência artificial (IA), e ressaltaram a urgência de um marco regulatório para o setor.
Lide: impasse ambiental e tecnológico em pauta no Congresso
A pesquisa e o desenvolvimento em IA dependem da infraestrutura de data centers, que requer fornecimento estável e de baixo custo de energia. Atualmente, o Brasil possui ao menos 160 data centers, concentrados majoritariamente na Região Sudeste (110).
“O consumo energético e a sustentabilidade desses centros precisam ser tratados com prioridade para que o Brasil avance na economia digital”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), Renan Lima Alves.
Data centers e potencial econômico
Data centers armazenam e processam informações cruciais para diversas áreas, como telecomunicações, desenvolvimento de software e segurança cibernética. Para o presidente da Brasscom, Affonso Parga Nina,
“Se não tivermos essa estrutura no Brasil, não conseguimos sustentar toda a cadeia econômica, que gera mais de 2 milhões de empregos qualificados, com salários superiores à média nacional.”
O setor tecnológico depende da infraestrutura local para atender à demanda crescente, especialmente diante do avanço da IA generativa e futuras gerações de inteligência artificial.
Projeto de lei e regulamentação
O PL 3.018/2024, de autoria do senador Styvenson Valentim (PSDB-RN), propõe normas para o funcionamento dos data centers focados em IA, abordando eficiência energética, sustentabilidade ambiental e segurança digital. O relator do projeto, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), destacou o interesse do governo em discutir incentivos fiscais, como isenção de tributos de importação, para estimular o setor.
“Buscamos reunir informações e dados para que o relatório atenda às demandas do setor, academia e governo”, explicou Vanderlan.
Energia renovável como diferencial competitivo
A matriz energética brasileira, com forte participação de fontes renováveis como eólica e solar, foi enfatizada por representantes do setor. A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum, destacou:
“O Brasil pode prover energia renovável competitiva e abundante para data centers. O investimento em energia eólica gera impacto significativo no PIB e na cadeia produtiva nacional.”
Cristiana Camaratti, da Anatel, reforçou a necessidade de atrair investimentos para data centers sustentáveis, apontando para o potencial de energia limpa do país.
Segurança, proteção de dados e inovação
O senador Marcos Pontes (PL-SP) afirmou que segurança cibernética, inteligência artificial e proteção de dados são pilares interligados para o desenvolvimento sustentável do setor.
“A tríade precisa avançar de forma coordenada para garantir crescimento sólido e seguro”, disse Pontes.
A diretora da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Miriam Wimmer, ressaltou a importância de um marco jurídico claro para promover segurança jurídica e atrair investimentos, reforçando a relação direta entre a LGPD e a regulamentação dos data centers.
Perspectivas para o mercado e desenvolvimento tecnológico
O coordenador-geral de Inovação Digital do MCTI, Rubens Caetano, apontou que o crescimento da IA impactará diversos setores da economia, exigindo infraestrutura eficiente para armazenamento e processamento de dados.
A diretora do MDIC, Cristiane Vianna Rauen, destacou a relevância dos dados para o PIB global e a economia brasileira, indicando que o fortalecimento dos data centers é essencial para a política industrial.
Renan Lima Alves complementou:
“O mercado cresceu durante a pandemia, que acelerou a digitalização e o uso da nuvem. O Brasil precisa expandir data centers próximos ao usuário para melhorar a experiência e aproveitar sua matriz energética renovável.”
Participantes dos debates
Nos encontros realizados em 21 e 28 de maio, participaram, além dos senadores Styvenson Valentim, Vanderlan Cardoso, Izalci Lucas (PL-DF) e Marcos Pontes, representantes do setor privado e acadêmico, como o presidente da Abes, Andriei Gutierrez, o professor Celso Camilo (UFG), o assessor do Ministério da Fazenda Igor Marchesini Ferreira e o CEO da Everest Digital, Gleysson Klynger de Moura Araújo.
*Com informações da Agência Senado.
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