O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no domingo (13/07/2025), a criação de um comitê interministerial para tratar dos efeitos da sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge diversos segmentos da economia nacional e motivou resposta imediata do governo federal.
Segundo o Palácio do Planalto, a oficialização do comitê ocorrerá até quarta-feira (16/07). Na data, serão divulgados os nomes dos integrantes e a estrutura de funcionamento do grupo de trabalho. A finalidade principal será coletar dados, avaliar os impactos e estabelecer estratégias de negociação com o governo norte-americano.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, classificou a medida como “de grande valia” para o setor produtivo. Em artigo publicado no jornal Valor Econômico, no mesmo domingo, Alban destacou que a CNI está à disposição para colaborar tecnicamente na busca por uma solução negociada que reverta as tarifas e restabeleça a confiança nas relações comerciais bilaterais.
Relações comerciais e posição da indústria
Segundo a CNI, o tarifaço não tem fundamentos econômicos e representa uma ruptura nas relações comerciais históricas entre os dois países. A entidade defende que o momento exige diálogo, despolarização política e abertura negocial com os Estados Unidos.
Dados apresentados pela confederação mostram que, entre 2015 e 2024, os EUA acumularam superávit de US$ 91,6 bilhões em mercadorias e US$ 256,9 bilhões em serviços na relação com o Brasil, de acordo com fontes oficiais norte-americanas.
Ainda segundo a CNI, as tarifas médias brasileiras são significativamente inferiores às médias globais. Em 2023, o Brasil aplicou alíquota de 2,7% sobre produtos dos EUA, enquanto a média registrada na Organização Mundial do Comércio (OMC) foi de 11,2%.
Efeitos na indústria brasileira
A entidade alerta que a medida norte-americana compromete a previsibilidade de contratos de longo prazo, afetando fábricas brasileiras e norte-americanas que dependem de componentes e insumos vindos do Brasil. Estima-se que aproximadamente 10 mil empresas brasileiras serão impactadas diretamente.
No que se refere ao emprego e renda, a CNI aponta que, em 2024, para cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, foram gerados 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção.
Os Estados Unidos são atualmente o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira, que somaram US$ 181,9 bilhões em 2024, com crescimento de 2,7% em relação a 2023. O aumento foi impulsionado por exportações de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, que cresceram 11% em relação ao ano anterior.
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