Representantes da França, Reino Unido e Alemanha se reuniram com uma delegação do Irã, nesta sexta-feira (25/07/2025), em Istambul, para retomar o diálogo sobre o programa nuclear iraniano. A reunião acontece em um cenário de crescentes tensões e ameaças de sanções europeias, após ataques israelenses a instalações nucleares e militares iranianas, ocorridos em junho, durante uma guerra de 12 dias.
Pontos discutidos em Istambul
Segundo o governo iraniano, o encontro foi “franco e aprofundado”, com acordo para manter as consultas diplomáticas. Teerã afirmou que a reunião representa uma oportunidade para a Europa rever sua postura em relação ao acordo nuclear de 2015, que prevê restrições ao programa em troca do alívio de sanções.
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, declarou estar otimista quanto à possibilidade de uma visita técnica ao Irã nas próximas semanas, o que pode levar ao retorno dos inspetores da ONU ainda em 2025. Teerã havia suspendido a cooperação com a AIEA no início de julho, alegando que a agência teria contribuído para ações de inteligência ligadas aos ataques.
Cláusula de sanções e divergências com os EUA
O acordo nuclear, firmado em 2015 entre Irã, EUA, França, Reino Unido, Alemanha, China e Rússia, foi enfraquecido após a saída dos Estados Unidos em 2018 e a retomada das sanções americanas. Os três países europeus — conhecidos como E3 — mantiveram o compromisso com o pacto, mas agora avaliam reativar sanções, utilizando uma cláusula que expira em outubro de 2025, acusando Teerã de descumprimento dos termos.
O vice-ministro das Relações Exteriores iraniano, Kazem Gharibabadi, classificou o mecanismo de retaliação como “ilegal” e alertou que o Irã pode se retirar do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) caso as sanções sejam retomadas. Teerã, no entanto, afirma buscar um “terreno comum” para evitar um novo isolamento internacional.
Urânio enriquecido e pressão de Israel
O Irã reafirma que não abrirá mão do enriquecimento de urânio, considerado um direito soberano. Atualmente, o país é o único sem armas nucleares que enriquece urânio a 60%, percentual muito superior ao limite de 3,67% previsto no acordo de 2015. Para fins bélicos, o nível necessário é de 90%. Israel pressiona a Europa a restabelecer as sanções, argumentando que o programa iraniano representa uma ameaça à segurança regional.
Palestina ganha apoio na União Europeia
Paralelamente ao impasse nuclear, a Palestina recebeu um novo apoio diplomático. Nesta quinta-feira (24/07/2025), o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que a França reconhecerá oficialmente o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, prevista para setembro. Segundo o embaixador palestino na Áustria, Salah Abdel Shafi, outros países europeus podem seguir o mesmo caminho após uma conferência internacional marcada para 28 de julho, em Nova York.
O reconhecimento francês foi criticado pelos Estados Unidos. O secretário de Estado, Marco Rubio, classificou a decisão como “imprudente” e alegou que a medida favorece a propaganda do Hamas. Atualmente, 147 países reconhecem oficialmente a Palestina, mas os EUA seguem vetando sua adesão plena à ONU.
*Com informações da RFI e Sputnik News.
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