Plano de ocupação total de Gaza intensifica isolamento de Israel na Europa

Decisão do governo israelense provoca reações internacionais e amplia reconhecimento do Estado palestino.
Decisão do governo israelense provoca reações internacionais e amplia reconhecimento do Estado palestino.

Na segunda-feira (11/08/2025), cresce a repercussão negativa ao plano anunciado pelo governo de Benjamin Netanyahu para ocupação integral da Faixa de Gaza. O posicionamento do primeiro-ministro israelense tem provocado isolamento político de Israel entre países europeus, enquanto o reconhecimento do Estado palestino avança globalmente.

Reações europeias e isolamento político de Israel

Diversos jornais europeus destacam o consenso para condenar a escalada militar em Gaza. O diário francês Le Monde aponta que o plano israelense resulta na perda quase total do apoio europeu a Netanyahu. O texto cita países como França, Alemanha, Holanda e Portugal, que reafirmam a defesa dos princípios do direito internacional em contraposição à estratégia israelense.

Para o jornal Libération, Israel está “mais isolado do que nunca”. A publicação ressalta que o governo israelense ainda não definiu claramente a administração que governará Gaza após a ofensiva militar. O jornal também destaca a pressão interna sofrida por Netanyahu, com a sociedade israelense demandando o fim do conflito e o retorno dos reféns.

O francês Les Echos considera a ocupação de Gaza uma “aposta arriscada” e cita a posição do chefe do Estado-Maior do Exército, general Eyal Zamir, que vê a ofensiva como uma “armadilha estratégica” e expressa preocupação com a segurança dos reféns e dos habitantes da região.

Crescimento do reconhecimento internacional da Palestina

O número de países que reconhecem oficialmente a Palestina como Estado continua crescendo desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em outubro de 2023. Nesta segunda-feira, a Austrália anunciou sua intenção de reconhecer a Palestina durante a próxima Assembleia Geral da ONU, prevista para setembro.

Atualmente, 145 dos 193 países membros da ONU já reconhecem ou pretendem reconhecer o Estado palestino, segundo levantamento da agência AFP. Entre eles, estão França, Canadá, Reino Unido (com condições), Finlândia e Portugal.

Em contraposição, Estados Unidos, Japão, Coreia do Sul e a maioria dos países da Europa Ocidental (exceto Suécia e Islândia) não reconhecem o Estado palestino, alinhando-se historicamente com Israel.

Histórico do reconhecimento palestino

A proclamação unilateral do Estado palestino ocorreu em 15 de novembro de 1988, durante a Primeira Intifada, por iniciativa de Yasser Arafat. Desde então, vários países adotaram a posição de reconhecer a Palestina, especialmente na Ásia, África e América Latina. Em 2012, a Assembleia Geral da ONU concedeu o status de Estado observador à Palestina, medida que permitiu sua adesão ao Tribunal Penal Internacional e desencadeou investigações sobre operações militares israelenses.

Declarações de Netanyahu sobre o plano em Gaza

Durante coletiva de imprensa em Jerusalém no domingo (10), Netanyahu afirmou que o objetivo não é ocupar Gaza permanentemente, mas sim desmilitarizá-la e estabelecer uma administração civil. Segundo o primeiro-ministro, Israel controla cerca de 70 a 75% da Faixa de Gaza e pretende criar “zonas de segurança” para impedir ataques futuros.

Netanyahu também criticou a ONU por falhas na distribuição de ajuda humanitária e justificou a restrição de entrada de jornalistas no território, alegando questões de segurança.

O governo israelense mantém a ofensiva mesmo diante de protestos internos e pedidos internacionais por cessar-fogo, com a justificativa de liberar a população de Gaza do controle do Hamas.

Repercussões internacionais e reunião da ONU

O plano de Israel gerou condenações da comunidade internacional, inclusive de aliados. O Conselho de Segurança da ONU convocou reunião emergencial para discutir o avanço militar israelense e suas consequências humanitárias.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com o risco de escalada e impactos catastróficos para a população civil e os reféns.

*Com informações da RFI.


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