Brasil cai para 52º lugar no Índice Global de Inovação e perde liderança na América Latina

Ranking da OMPI aponta desafios em infraestrutura e capital humano, mas mostra avanços em mercado consumidor e tecnologia.
Ranking da OMPI aponta desafios em infraestrutura e capital humano, mas mostra avanços em mercado consumidor e tecnologia.

O Brasil caiu para a 52ª posição no Índice Global de Inovação (IGI) 2025, elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) com colaboração da Confederação Nacional da Indústria (CNI), e perdeu a liderança entre as 21 economias da América Latina e Caribe, sendo ultrapassado pelo Chile. A análise considerou 80 indicadores, distribuídos entre insumos de inovação (inputs) e resultados de inovação (outputs), e evidencia limitações em infraestrutura, educação e pesquisa, apesar de avanços em mercado e tecnologia.

Desempenho do Brasil no IGI

O país apresentou melhor desempenho em resultados de inovação (50º lugar) do que em insumos de inovação (63º lugar), indicando capacidade de transformar investimentos em produtos e serviços, mas fragilidades na criação de ambientes propícios à inovação. Entre 36 economias de renda média-alta, o Brasil ocupa a 5ª posição, atrás de China, Malásia, Turquia e Tailândia, com a China figurando pela primeira vez entre as dez economias mais inovadoras do mundo.

Especialistas avaliam ranking

Segundo André França, especialista em inovação da CNI, a comparação com o Chile deve considerar diferenças econômicas: “O Brasil é um país de renda média-alta; o Chile, menor e de alta renda, tende a apresentar maior performance em inovação. Nosso desempenho é consistente para países de renda média-alta, mas é necessário avançar em políticas públicas e ambiente de negócios”, explica.

Pontos fortes do Brasil

O relatório destaca posições favoráveis em:

  • 7º lugar mundial em mercado consumidor;

  • 9º lugar em volume de marcas registradas;

  • 16º em negócios de capital de risco em estágio avançado;

  • 17º em importações de serviços de tecnologia da informação;

  • 17º em pagamentos de propriedade intelectual.

Além disso, setores específicos registraram crescimento expressivo: veículos elétricos (+132,6%), 5G (+86,9%), registro internacional de patentes (+23,9%) e robótica (+10%).

Pontos críticos identificados

As principais fragilidades incluem:

  • 128º em estabilidade regulatória para negócios;

  • 118º em formação bruta de capital;

  • 106º em taxa tarifária aplicada;

  • 100º em graduados em ciências e engenharias;

  • 78º em cultura empreendedora.

A indústria brasileira mantém papel central na inovação, com empresas como Petrobras, Vale, Embraer e TOTVS entre as duas mil maiores investidoras em pesquisa e desenvolvimento globalmente. Universidades de destaque incluem USP, Unicamp e UFRJ, enquanto startups como Quinto Andar, C6 Bank e Nuvemshop ganham relevância no ecossistema.

Ações de fomento à pesquisa e inovação

A CNI firmou acordo de cooperação técnica com o CNPq para ampliar a participação de pesquisadores na indústria, com vigência até julho de 2027. Entre as ações previstas estão: intercâmbio de informações, monitoramento da empregabilidade de mestres e doutores, avaliação de programas estratégicos como Inova Talentos, e criação de painel nacional para mapear pesquisadores e bolsistas inseridos na indústria.

Benefícios esperados

O acordo deve ampliar a conexão entre empresas e universidades, gerar dados estratégicos para políticas públicas e fortalecer o desenvolvimento de novos produtos e serviços inovadores, potencializando a competitividade industrial do Brasil.

Estrutura do Índice Global de Inovação

O IGI avalia sete categorias: cinco de insumos (instituições, capital humano e pesquisa, infraestrutura, sofisticação de mercado e de negócios) e duas de resultados (conhecimento e tecnologia, criatividade). O Brasil apresenta melhor desempenho em sofisticação empresarial (39º), capital humano e pesquisa (48º) e resultados criativos (50º), mas fragilidades persistem em instituições (107º) e sofisticação de mercado (71º).


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