Sobrevivente do Holocausto relembra invasão nazista durante ato pelos 87 anos da Noite dos Cristais

Relato de Stefan Lippmann marcou cerimônia da Conib em São Paulo (SP).
Relato de Stefan Lippmann marcou cerimônia da Conib em São Paulo (SP).

O engenheiro aposentado Stefan Lippmann, de 89 anos, sobreviveu ao Holocausto após ser separado do pai e escondido em um convento católico na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial. Judeu alemão, ele tinha apenas três anos quando viveu o primeiro episódio de violência: a invasão de sua casa por soldados nazistas. O testemunho foi relembrado neste sábado (09/11/2025), em ato realizado em São Paulo (SP), durante a 56ª Convenção Anual da Confederação Israelita do Brasil (Conib), em memória da Noite dos Cristais.

O evento, realizado em homenagem às vítimas do ataque antissemita ocorrido em 1938, reuniu sobreviventes do Holocausto, líderes religiosos e políticos, incluindo Cláudio Castro (PL-RJ), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO) e Eduardo Leite (PSDB-RS). Lippmann foi homenageado junto a outros sobreviventes, que acenderam um chanukiá em memória das vítimas.

A invasão nazista e a fuga da Alemanha

Durante o ato, Lippmann relatou que presenciou o ataque nazista à sua casa na infância.

Eu tinha três anos de idade quando os nazistas entraram em nossa casa e quebraram tudo”, contou.

Após o episódio, sua família fugiu da Alemanha e se refugiou em um convento na Bélgica, onde ele foi escondido pela resistência local.

Seu pai permaneceu na França, onde foi preso e enviado ao campo de concentração de Auschwitz. “Soube há poucos anos que ele morreu em Auschwitz”, declarou. Sua mãe trabalhou como empregada doméstica e perdeu contato com o filho por cinco anos, período em que ele foi protegido pela resistência belga.

Reencontro e chegada ao Brasil

No fim da guerra, mãe e filho foram reunidos com auxílio de entidades judaicas que resgataram famílias separadas durante o conflito. Lippmann relatou que sua mãe tentou emigrar para os Estados Unidos, mas acabou vindo para o Brasil, onde já viviam parentes.

“Chegamos e alugamos um quarto. Eu ficava em um lar judaico durante o dia, enquanto minha mãe trabalhava”, recordou.

No Brasil, Lippmann retomou os estudos, trabalhou em diversos empregos e formou-se engenheiro pela Escola Politécnica, após cursar eletrotécnica à noite. Ele hoje participa de eventos educativos sobre memória histórica e combate ao antissemitismo.

A Noite dos Cristais e a memória do Holocausto

A Noite dos Cristais (Kristallnacht) ocorreu em 09 de novembro de 1938, quando sinagogas foram incendiadas, vitrines de lojas judaicas destruídas e milhares de judeus presos e enviados a campos de concentração. O evento é considerado o início da perseguição aberta aos judeus na Alemanha nazista.

De acordo com o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos (USHMM), mais de 1,5 milhão de crianças judias foram mortas durante o Holocausto. O pai de Lippmann foi uma das vítimas de Auschwitz, libertado em 27 de janeiro de 1945 pelo Exército Soviético.

Historiadores, como Antony Beevor, destacam que o avanço soviético no Leste Europeu foi decisivo para encerrar o sistema de campos de extermínio. Tropas encontraram cerca de 7 mil prisioneiros sobreviventes em Auschwitz, muitos em estado grave de fome e doença.

*Com informações da Sputnik News.


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