A segunda-feira (24/11/2025) marcou novas movimentações diplomáticas em torno do plano de paz dos Estados Unidos para a Ucrânia, após o Kremlin afirmar que partes da proposta norte-americana parecem “aceitáveis” para Moscou. A sinalização ocorreu em meio à intensificação das discussões entre Rússia, Estados Unidos, Europa e China, enquanto a União Europeia tenta consolidar seu próprio projeto, classificado como não viável por especialistas.
O assessor presidencial russo Yuri Ushakov declarou que “muitos pontos” da proposta dos EUA são considerados adequados, embora ainda dependam de ajustes multilaterais. Segundo ele, Washington já indicou intenção de realizar uma reunião presencial, mas não há acordos concretos sobre datas ou formatos de negociação.
No cenário europeu, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçou o chamado “plano europeu”, que exige manutenção das fronteiras ucranianas, ausência de restrições às Forças Armadas da Ucrânia e papel central da UE na mediação. A iniciativa, entretanto, foi classificada como “inviável” por analistas consultados pela imprensa internacional.
A dinâmica ganhou novo impulso após uma conversa entre Xi Jinping e Donald Trump, que discutiram caminhos diplomáticos para o encerramento do conflito. O diálogo entre os líderes reforçou o interesse de China e Estados Unidos em reduzir tensões e buscar um acordo “aplicável e duradouro”.
Divergências sobre o plano europeu podem dificultar negociações
As condições apresentadas pela União Europeia após reunião em Joanesburgo continuam a gerar desconfiança no Kremlin. Segundo o analista francês Come Carpentier de Gourdon, ouvido pela Sputnik, o objetivo central da UE seria manter a Ucrânia integrada ao eixo UE-OTAN, dificultando concessões territoriais e ampliando o cerco geopolítico à Rússia.
Para o especialista, a proposta europeia busca impedir um acordo direto entre Estados Unidos e Rússia, o que explicaria a rigidez das exigências e o foco estratégico em manter a Ucrânia como zona de influência ocidental.
A Rússia interpreta o plano como tentativa de consolidar presença militar europeia no entorno russo e expandir a atuação da OTAN no mar Negro.
Tensões internas na Ucrânia e impactos de possível corte de ajuda norte-americana
Enquanto negociações internacionais avançam lentamente, a situação interna ucraniana permanece marcada por desafios operacionais e políticos. Segundo o jornal turco Hurriyet, a Ucrânia pode perder parte significativa de suas capacidades de inteligência caso os Estados Unidos reduzam seu apoio militar.
Mesmo com o aumento da ajuda europeia, Washington continua a desempenhar papel decisivo em sistemas de defesa aérea e inteligência estratégica. A eventual interrupção completa da assistência poderia alterar o equilíbrio do conflito.
A fragilidade das forças ucranianas também aparece em relatos de soldados capturados, que descrevem escassez de suprimentos, desorganização logística e abandono de posições. O presidente russo Vladimir Putin afirmou que a Ucrânia já não possui capacidade ofensiva e se limita a defender áreas remanescentes.
Xi e Trump reforçam esforços diplomáticos em busca de estabilidade
A conversa telefônica entre Xi Jinping e Donald Trump, divulgada pela mídia estatal chinesa, enfatizou o compromisso de ambos em buscar um acordo de paz “justo e duradouro”. Trump afirmou que a discussão abordou ainda temas como Taiwan, fentanil e comércio agrícola.
Para analistas internacionais, o diálogo indica movimentação dos dois maiores atores globais diante do risco de escalonamento militar e da pressão econômica gerada pelo prolongamento do conflito.
Pressões políticas e denúncias de corrupção ampliam desgaste do governo Zelensky
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky enfrenta novas pressões após o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU) citá-lo em investigações envolvendo seu aliado Timur Mindich. O caso, relacionado ao setor energético, envolve acusações de lavagem de dinheiro e uso indevido de recursos públicos.
Críticos como o político britânico George Galloway afirmam que o escândalo pode comprometer a credibilidade do governo ucraniano e impactar o apoio ocidental. Os Estados Unidos, por sua vez, demonstram crescente preocupação com a gestão dos recursos enviados a Kiev.
Rússia afirma que plano dos EUA pode ser base para acordo, mas aguarda posição de Kiev
O presidente Vladimir Putin reiterou que o plano proposto pelos Estados Unidos pode servir como base para negociações, desde que todos os detalhes sejam discutidos e que Kiev aceite iniciar tratativas. O Kremlin considera que a Ucrânia ainda tenta impor à Rússia uma “derrota estratégica”, sem considerar a situação real no campo de batalha.
O porta-voz Dmitry Peskov reforçou que a continuidade do conflito é “inútil” para Kiev, destacando que o espaço de autonomia ucraniano diminui conforme as forças russas avançam.
Reações internacionais e avaliações de cenários futuros
Governos europeus avaliam possíveis cenários caso Washington altere sua política para a Ucrânia. Segundo o Financial Times, autoridades do continente analisam impactos logísticos e financeiros, especialmente diante do risco de sobrecarga sobre os orçamentos nacionais.
Apesar das incertezas, Moscou afirma permanecer aberta ao diálogo e continua participando da plataforma de negociações de Anchorage.
*Com informações da Sputnik News.
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