O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou nesta quinta-feira (18/12/2025) que pretende deixar o governo federal em fevereiro. A declaração foi feita durante café com jornalistas, quando explicou que deseja colaborar com a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026, atividade que considera incompatível com o exercício do cargo.
Pela legislação eleitoral, ministros que pretendem disputar as eleições de 2026 têm até 3 de abril de 2026 para se afastar. Haddad, no entanto, afirmou que optou por uma saída antecipada para permitir ao sucessor preparar medidas estruturais da política econômica no início do ano.
Segundo o ministro, a antecipação permitirá que o novo titular da pasta seja responsável pela primeira edição de 2026 do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, prevista para março, além do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2027, que deve ser enviado ao Congresso até 15 de abril de 2026.
Comunicação ao presidente e cenário político
Haddad informou que já comunicou sua decisão ao presidente Lula, mas não respondeu se será candidato em 2026. Segundo ele, o chefe do Executivo afirmou que respeitará a decisão tomada pelo ministro.
Durante o encontro com jornalistas, Haddad declarou que sua intenção é atuar diretamente na campanha presidencial, o que exigiria uma mudança no comando do Ministério da Fazenda. Ele reforçou que a permanência no cargo inviabilizaria esse papel político.
O ministro destacou que aguardou a aprovação da LDO de 2026 e do projeto que reduz incentivos fiscais, aprovado no Senado na quarta-feira (17/12/2025), antes de formalizar publicamente sua intenção de deixar o governo.
Continuidade da política fiscal até 2026
Haddad afirmou que sua preocupação central foi garantir consistência entre a LDO e o Orçamento, de modo a assegurar o cumprimento das metas fiscais. Segundo ele, a equipe econômica buscou evitar decisões que comprometessem o planejamento orçamentário do próximo ano.
Para 2025, a meta fiscal é de déficit zero, embora o arcabouço permita resultado negativo de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a cerca de R$ 31 bilhões. Já para 2026, a LDO prevê superávit de 0,25% do PIB, estimado em R$ 34,3 bilhões, sendo considerada cumprida mesmo com resultado de déficit zero.
O ministro afirmou que o sucessor encontrará um cenário fiscal mais organizado do que o herdado no início de 2023, com metas definidas e instrumentos de controle em funcionamento.
Reformas econômicas a partir de 2027
Ainda nesta quinta-feira (18/12/2025), Haddad declarou que futuros governos precisarão promover reformas econômicas a partir de 2027 para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Segundo ele, o arcabouço fiscal pode passar por aprimoramentos, mas sua estrutura central deve ser preservada.
O ministro explicou que é possível ajustar parâmetros, como o limite de crescimento das despesas, atualmente fixado em até 2,5% acima da inflação, sem alterar a lógica principal da regra fiscal.
Ele avaliou que a trajetória da dívida pública exigirá medidas contínuas e ressaltou que metas fiscais precisam ser críveis, com respaldo técnico, evitando revisões frequentes.
Possíveis ajustes nos parâmetros do arcabouço
Haddad afirmou que discutir os parâmetros do arcabouço fiscal é um processo natural. Segundo ele, futuros governos poderão alterar o percentual de crescimento das despesas, hoje limitado a 70% do crescimento real das receitas, podendo ser reduzido ou ampliado conforme a orientação econômica adotada.
Também foi mencionada a possibilidade de ajustar o teto de crescimento real dos gastos, variando entre 2% e 3% ao ano, de acordo com decisões políticas futuras. Para Haddad, essas escolhas fazem parte do funcionamento democrático.
O ministro reiterou ser contrário à criação de um teto específico para a dívida pública, defendendo a manutenção do modelo atual, que combina regra de gastos e metas de resultado primário.
Relação entre política fiscal e monetária
Haddad voltou a defender a harmonia entre política fiscal e política monetária, destacando que decisões em uma área impactam diretamente a outra. Segundo ele, o Ministério da Fazenda acompanha sinais de desaceleração da atividade econômica.
O ministro afirmou que o diálogo com o Banco Central tem sido constante e rejeitou a avaliação de que o nível elevado dos juros decorra diretamente do arcabouço fiscal. Para ele, o cenário está ligado à desancoragem das expectativas, intensificada por debates públicos no ano anterior.
Haddad lembrou que o governo atual herdou a taxa básica de juros em 13,75% ao ano e afirmou que a credibilidade fiscal é construída ao longo do tempo, não sendo resultado de decisões isoladas.
*Com informações da Agência Brasil.
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