Edson Porto: “”Tarcízio não tem nenhum tipo de preocupação com a cultura específica de Feira de Santana””

“Acho que ele não gosta de cultura de um modo geral”, afirma Porto durante entrevista.

Edson Vieira Porto, produtor cultural, economista e publicitário, fez parte do setor de fiscalização ambiental do governo de José Ronaldo, por um ano e quatro meses. Em entrevista ao JGB não poupou o atual prefeito de Feira de Santana de críticas: “Tarcízio não tem nenhum tipo de preocupação com a cultura específica de Feira de Santana, isto aí é claro”, afirma enfaticamente.

Na avaliação de Edson Porto, o prefeito Tarcízio Pimenta tem uma visão mercantilista da cultura ao ponto de questionar “quanto foi arrecadado pelo teatro”. Porto, tem opinião diferente: ”aquilo que é público não foi feito para dar lucro”. Aludindo ao fato da cultura fazer parte do patrimônio imaterial da sociedade.

Ele segue explicado que cobrou mais ações do governo municipal no tocante à cultura, “pois considero o ano de 2009 brando e sem inovações no setor. Não vi fluir a cultura como deveria. 2009 deixou a desejar”.

Estagnada e Pires na mão

“A cultura de Feira está estagnada, pois os projetos que incentivam a cultura local ainda são da época de Clailton Mascarenhas, a exemplo do Pro-cultura. Alguns outros projetos vem da gestão de José Ronaldo”.

“O Pro-cultura é um programa que entrega o pires ao produtor ou artista para que ele possa angariar alguns reais para o seu projeto, através dos empresários”.

Teatro Margarida Ribeiro

Com certo desencanto, Edson falou sobre o TMR (Teatro Margarida Ribeiro) e das dificuldades em apresentar uma peça no local: “O prefeito Tarcízio Pimenta pagou R$ 120 mil só para a Banda Calcinha Preta enquanto faltam profissionais, instalações e iluminação no teatro. O problema de inundação na parte inferior persiste e não foi corretamente solucionado”.

“Sou obrigado a pagar o bilheteiro e até a contratar um gerador, para que a minha peça possa ser apresentada no teatro. O sistema de energia não comporta uma iluminação cênica adequada”.

Visões

Quando questionado sobre a visão do governo Pimenta e da importância do teatro no desenvolvimento cultural e social do povo, Edson Porto responde: “O prefeito Tarcízio Pimenta desconhece a importância porque não vai aos espetáculos teatrais, salvo quando um grande aglomerado de pessoas se faz presente, a exemplo da micareta e do São João”.

“O ex-prefeito José Ronaldo participava das peças e entrava na fila para cumprimentar os atores e diretores das peças que ele patrocinava e ou assistia. São estilos e visões bem distintas sobre cultura”.

“Estar distante e desconhecer o que é cultura é um direito dele, Tarcízio, enquanto cidadão, mas não enquanto político e prefeito de uma cidade com 600 mil habitantes”.

“Esta entrevista pode fechar as portas do Teatro Margarida Ribeiro para as peças que produzo, mas tenho um compromisso maior com a cultura”, declara em tom desafiador.

“Isento o secretário de Cultura, Alcione Cedraz, aquém considero uma pessoa comprometida com os movimentos culturais”.

Espaço Cultural Marcus Moraes

“Não acredito que o artista Marcus Moraes se sentisse bem com a homenagem feita. Se eu morrer por favor não permita que o mesmo ocorra comigo”, declara em desaprovação ao terminal de ônibus da Avenida Getúlio Vargas, “transformado” em espaço cultural.

“Quando o antropólogo Antônio Risério declarou na rádio Metrópole que Feira de Santana era a cultura do cassete armado, critiquei-o. Mas depois do espaço Marcus Moraes, vejo que ele tem razão. É triste ver um artista do porte de Moraes recebe este tipo de homenagem”.

“Acho que ele não gosta de cultura de um modo geral”, afirma Edson Porto em relação ao prefeito Tarcízio Pimenta.

*Com informações de Carlos Augusto