
Dados históricos apontam para a América central como o berço do uso do tabaco desde o ano 1000 a.C. Quando colombo aqui chegou no século XV, existiam plantações de tabaco por todo o continente. Com a colonização europeia, logo a erva se espalhou pelo mundo. Na época, lhe eram atribuídas propriedades medicinais. Após as duas grandes guerras o cigarro ganhou fama, vinculado ao glamour de artistas hollywoodianos ou como sinônimo de liberdade e rebeldia cultivadas pelos hippies. Só a partir de 1930, começaram a surgir estudos apontando os malefícios do cigarro com os estudos dos britânicos Doll e Hill, que estabeleceram a relação entre tabagismo e câncer de pulmão. A partir da década de 80, as políticas de combate ao cigarro ganharam abrangência mundial, num momento em que o cigarro já era considerado uma epidemia. Em 1987, a Organização Mundial da Saúde instituiu o “Dia Mundial sem Tabaco” no dia 31 de maio, promovendo um alerta global contra os males do cigarro.
Ainda hoje, após grandes avanços na campanha contra o tabaco, um terço da população mundial ainda fuma e o cigarro é responsável por 5,4 milhões de mortes. No Brasil , segundo o IBGE, em torno de 18% da população é fumante, com o resultante de duzentos mil óbitos por ano. Mesmo o cigarro sendo a principal causa de câncer evitável. No Brasil, 150 mil novos casos de câncer poderiam ser evitados por ano sem o tabaco.
Dados do IBGE apontam que 90% dos fumantes acreditam no cigarro como causador de doença grave e mais da metade deles pensam em parar. Então, porque não param? A resposta vem da alta dependência física que o corpo desenvolve à nicotina, além do forte vínculo psíquico envolvido no hábito de fumar. Dados americanos e brasileiros mostram que mais de 80% das pessoas falham na primeira tentativa de parar de fumar. “Os sintomas de retirada da nicotina – agitação, insônia, cansaço, ansiedade, depressão, irritabilidade, queda da frequência cardíaca e o ganho de peso, principalmente nas primeiras semanas, constituem a principal barreira”, explica Dr. Samuel Oliveira de Afonseca, Oncologista Clínico do Instituto de Oncologia da Bahia – ION.
Felizmente, a taxa de sucesso sobe consideravelmente com ajuda médica e de uma equipe multidisciplinar. O uso de reposição de nicotina pela pele ou gomas de mascar, o emprego de antidepressivos ou antagonistas dos receptores de nicotina como a bupopriona e a vanericlina, respectivamente, associados ao apoio psicológico e mudanças comportamentais, são instrumentos já usados e de eficácia comprovada em estudos clínicos.
Apesar de ser o mais comumente lembrado, por ser a principal causa de morte por câncer no mundo, a neoplasia maligna de pulmão não é a única a ser temida. Os cânceres de rim, pâncreas, bexiga, estômago, esôfago, cavidade oral e nasal, faringe, laringe, colo uterino e leucemia já têm provada relação com o uso do cigarro. “Nada assustador para um hábito que consiste na inalação de 4720 substâncias potencialmente tóxicas, sendo 60 delas cancerígenas”, ressalta Afonseca.
Uma preocupação adicional é o fumo passivo. Pelo menos seis grandes estudos americanos já demonstraram um aumento de pelo menos 30% no risco de câncer de pulmão e 25 a 35% no risco de morte por infarto e derrame cerebral em pessoas não fumantes que convivem com tabagistas, principalmente quando expostos desde a infância e adolescência. Soma a isso o surgimento de doenças respiratórias em crianças expostas ao cigarro fumado pelos pais, além da mortalidade e distúrbios fetais em gestantes fumantes.
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