Artesanato é fonte de renda para agricultores no Vale do salitre

Jornal Grande Bahia, compromisso em informar.
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Além da tradicional cultura de caprinos e ovinos na região do semiárido, 17 famílias de agricultores das comunidades de Gangorra II, Manga II e Goiabeira II, no Vale do Salitre, a 50 quilômetros de Juazeiro, apostam na produção de artesanato como mais uma fonte de renda. Porta-jóias, bolsas, suporte para copos e pratos (jogo americano), porta-retrato e vasos são produtos de taboa e fibra de bananeira, que já estão sendo fabricados e comercializados, principalmente, por mulheres das referidas comunidades.

Para contribuir com uma melhor qualidade de vida dos agricultores familiares do Vale do Salitre, a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri), por intermédio da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), intensifica suas atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), realizando capacitações, treinamentos, reuniões para agregação de valores dos produtos, trabalhos de autoestima e comercialização dos artesanatos.

Renda extra

Segundo Zélia Correia e Raildes Valença, técnicas da EBDA e responsáveis pelas ações no Vale do Salitre, as mulheres precisavam de algo que melhorasse a autoestima e, se possível, contribuísse com uma renda extra para suas famílias, e o artesanato caiu como uma luva. “Já existe uma associação, acompanhada pela EBDA, onde são comercializados os produtos. Um bom exemplo é o doce de banana, que também é fabricado artesanalmente e atinge lucros acima de 100%”, ressalta Raildes Valença.

Para Zélia Corrêa, a premissa da EBDA nesse cenário é contribuir para a promoção do desenvolvimento rural sustentável, centrado na expansão e fortalecimento da agricultura familiar. “O artesanato nessas comunidades tem sido uma excelente opção para o melhoramento da qualidade de vida do agricultor familiar”, acrescenta a técnica.

A agricultora familiar e artesã de Goiabeira II, Amélia Gonçalves, afirma que existem peças nos valores de R$ 1,00 a R$ 50,00. “Cedinho eu vou para a roça cuidar da plantação e dos animais; quando volto, depois do almoço, vou fazer meus artesanatos, que todo mundo pode comprar, porque tem de todo preço e gosto”, comentou a artesã.

Oportunidade

A bananeira, planta muito bem adaptada ao solo fértil da região, oferece a fibra para os produtos artesanais e a fruta para produção de doce caseiro, e a taboa, capim característico da região encontrado nas águas do rio Salitre, afluente do Velho Chico, que tem a fibra utilizada na fabricação de esteiras.

A esposa do agricultor familiar e produtor da fruta, Joel Batista, 46 anos, Genilda Batista, utiliza o excedente da produção de banana da família para fabricação de doce. Segundo Joel, o cento da banana tipo 1 é vendido, em média, por R$6,50, e a tipo 3 por R$ 2,50. Já o frete de Gangorra II para o Mercado do Produtor custa R$1,10 cada cento, independentemente do tipo da banana. “É muito pouco o lucro com a tipo 3; não compensa o trabalho e o gasto com o frete. Já com os doces caseiros, o lucro é mais de 100%; uma barra de um quilo, onde são utilizadas apenas 12 bananas, é vendida a R$ 6,00. Depois que a EBDA começou a ajudar as mulheres da comunidade, a produção só vem aumentando cada vez mais”, destaca Joel Batista.

Os tabletes de doces de banana estão sendo comercializados, além do Vale do Salitre, em mercadinhos de Juazeiro e Petrolina. A previsão é, em breve, expandir os horizontes, fornecer nos municípios de Sobradinho e Campo Formoso e utilizar outras frutas nativas, como o umbu, a goiaba e a manga para fabricação de doces, geleias e compotas.

“Temos muitas frutas no Salitre, e, ao invés de trabalhar como empregada doméstica eu trabalho pra mim, fazendo meus doces. No começo foi difícil, mas deu certo; ganho um dinheirinho a mais e estou muito feliz”, falou a presidente da Associação da Gangorra 2, Lúcia Paiva.


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