A cultura nordestina perdeu um de seus maiores expoentes na terça-feira (19/05/2020), com o falecimento do repentista Caboquinho, aos 74 anos, em um hospital de Feira de Santana, na Bahia. Considerado o maior repentista do estado e um grande representante da cultura feirense, Caboquinho deixou um legado de poesia, música e arte para as gerações futuras.
Caboquinho, cujo nome de batismo era José Crispim Ramos, nasceu em Serrinha, em 18 de agosto de 1945. Aos 14 anos, mudou-se com a família para Feira de Santana, onde concluiu os estudos e se formou em Direito. Além de advogado, ele era poeta, músico e compositor, tendo iniciado sua carreira na viola ao lado do pai, Dadinho, outro famoso repentista da região.
Juntos, Caboquinho e Dadinho fizeram programas na Rádio Sociedade nos anos 70 e 80 e criaram e produziram os festivais de violeiros que divulgavam o nome de Feira de Santana para todo o Nordeste. Os festivais eram realizados sempre no mês de agosto, com grande presença de público e participação de violeiros renomados.
Após a morte do pai, em 2003, Caboquinho formou dupla com o irmão João Ramos, mais um talentoso repentista da família. Eles se apresentaram em diversos eventos culturais pelo Brasil, levando a tradição da viola nordestina e a arte do improviso. Caboquinho também foi o fundador e presidente da Associação dos Violeiros, Trovadores e Repentistas da Bahia, entidade que defende os interesses e direitos dos artistas do gênero.
Caboquinho sofria de problemas cardíacos há alguns anos e foi internado diversas vezes nos últimos meses. Ele morreu após uma parada cardiorrespiratória no final da tarde de terça-feira. Ele não teve velório por causa da pandemia de coronavírus e foi enterrado no Cemitério São Jorge, em Feira de Santana, na manhã desta quarta-feira (20), com a presença restrita de familiares e amigos1.
A morte de Caboquinho causou comoção e tristeza no meio cultural e político da Bahia. O prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins Filho, lamentou a perda e disse que ele era “seguramente o maior repentista da Bahia, para nosso orgulho radicado em Feira de Santana desde a juventude e durante décadas elevando as artes da nossa cidade com o seu talento”. O secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Edson Borges, afirmou que Caboquinho deixou uma “grande lacuna no mundo cultural do Estado”.
A Fundação Cultural Egberto Tavares Costa (Funtitec) também manifestou seu pesar pela morte de Caboquinho e se solidarizou com a família, amigos e admiradores do repentista. Em nota, a Funtitec destacou que Caboquinho era um grande representante da cultura feirense e que suas obras e contribuições para o desenvolvimento e expansão da cultura Repentista na região não serão esquecidas.
Caboquinho era casado e deixou sete filhos. Ele também deixou um legado de mais de 50 anos dedicados à viola nordestina, à poesia popular e à cultura brasileira.
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