Investigados do PCC na Operação Sharks tornam-se réus após denúncia do MPSP; Esquema movimentou R$ 1 bilhão em um ano; R$ 70 milhões foram sequestrados

Organograma dos investigados pelo MPSP na Operação Sharks, deflagrada em 14 de setembro de 2020 (segunda-feira).
Organograma dos investigados pelo MPSP na Operação Sharks, deflagrada em 14 de setembro de 2020 (segunda-feira).

Nesta sexta-feira (23/10/2020), o juiz Ulisses Augusto Pascolati Junior, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da São Paulo, recebeu a denúncia contra 19 integrantes da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), investigados na Operação Sharks, todos eles tiveram prisão preventiva decretada. A representação criminal foi feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Os promotores obtiveram ainda o bloqueio judicial de R$ 72.322.585,90, sendo o valor de R$ 3.806.451,89 referente a cada uma das 19 pessoas. O bloqueio atingiu contas bancárias e ativos financeiros de 12 pessoas físicas e 23 pessoas jurídicas ligadas aos denunciados, por haver suspeita de atuarem como “laranjas” ou empresas de fachada para o grupo criminoso. Também foram sequestrados, por ordem judicial, 14 imóveis, alguns deles de luxo.

Os crimes apontados na denúncia são de organização criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações, que se iniciaram no primeiro semestre de 2019 a partir do cruzamento de múltiplos dados, foram conduzidas por uma força-tarefa composta por seis promotores de Justiça e agentes de investigação, com apoio da Polícia Militar.

As provas colhidas revelaram que a cúpula da facção movimentou, no período investigado, mais de R$ 1 bilhão. Esse dinheiro provinha, basicamente, do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes, tudo contando com rigoroso controle por meio de planilhas.

As investigações revelaram ainda a cadeia logística do tráfico de drogas realizado pela facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças à frente da fonte de maior renda da organização criminosa, apontando a participação de 21 pessoas.

Para ocultar a movimentação bilionária, os denunciados compravam bens e se valiam de imóveis com fundos falsos, onde guardavam dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por intermédio de doleiros. Também recorriam a  empresas em nome de terceiros para movimentar valores.

Entre os denunciados estão as principais lideranças do PCC atualmente em liberdade e algumas já presas. Alguns integrantes da facção se encontram no exterior, comandando atividades logísticas a partir de outros países. Dos 21 envolvidos, dois faleceram durante as investigações.

Principal liderança de rua do PCC, à frente da chamada “Sintonia Final da Rua”, o denunciado M.R.A, atualmente foragido, é o responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa, mantendo contato direto com a cúpula da facção que está no sistema prisional. Ele é suspeito de ser responsável pelos planos de fuga das lideranças da facção reclusas em presídios federais, e ainda de liderar os planos de assassinar agentes e autoridades públicas em represália às transferências e às ações contra a cúpula da organização. Também ostentava cargo de adido da Embaixada de Moçambique. Na prática, M.R.A. sucedeu “Marcola”, incomunicável após decisão tomada em atendimento a pedido do Gaeco, como principal liderança e mandatário da facção.

A força-tarefa do Gaeco segue trabalhando para localizar os foragidos e analisar o conteúdo dos documentos e equipamentos eletrônicos apreendidos durante a operação.

*Com informações do Ministério Público de São Paulo (MPSP).


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