Presidente Vladimir Putin diz que Ucrânia é “colônia estadunidense” e reconhece independência de territórios separatistas; Rússia atua para proteger nação e povos contra atuação armada dos EUA através da OTAN

Mapa delimita Região de Donbass, situada na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.
Mapa delimita Região de Donbass, situada na fronteira entre a Ucrânia e a Rússia.

Em um pronunciamento em rede nacional nesta segunda-feira (21/02/2022), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu a independência de Donetsk e Lugansk, dois territórios separatistas pró-russos da Ucrânia. Ele também disse que a situação no leste do país é “crítica” e acusou a  Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) de usar a Ucrânia como “plataforma” para um ataque contra os russos.

Em sua declaração, Putin disse que os país sempre manteve uma cooperação aberta com a Ucrânia, que teve nunca teve uma “verdadeira tradição de Estado”. O chefe de Estado russo ainda acusou o governo de ter roubado gás no passado, ter “marginalizado” a língua russa na Ucrânia, e de ser uma colônia americana, com um regime de “marionetes” no comando.

O presidente russo também disse que a Rússia fará o possível para punir as pessoas envolvidas no incêndio contra a sede do sindicato local de 2014 em Odessa e acusou o o serviço secreto ucraniano de cometer crimes. Segundo ele, a Ucrânia pretende criar suas próprias armas nucleares e, caso o país receba armas de destruição massiva, seria como “preparar um ataque contra a Rússia”.

Putin informou sua decisão de reconhecimento do território separatista mais cedo ao presidente francês, Emmanuel Macron, e ao chanceler alemão, Olaf Scholz, mediadores no conflito no leste ucraniano, que expressaram sua “decepção”, mas se disseram “dispostos” a manter o contato com a Rússia.

Ele também disse que a adesão à Otan é uma ameaça direta para a Rússia e que os centros de treinamento da Otan na Ucrânia equivalem a bases militares da organização. Putin também afirmou que “infraestruturas da Otan” chegaram à fronteira russa e que a Ucrânia é uma “plataforma” para um ataque. Segundo o chefe de Estado russo, as demandas russas em relação à segurança foram rejeitadas.

“Temos direito de proteger nossa segurança, e é o que faremos”, acrescentou, dizendo que não abandonará sua soberania e valores nacionais. No fim do pronunciamento, ele confirmou o reconhecimento imediato da independência das duas regiões separatistas e pediu o apoio do Parlamento. Putin ainda assinou “acordos de amizade e ajuda mútua” com separatistas pró-russos da Ucrânia

O presidente francês também convocou um Conselho de Defesa, que está reunido neste momento no Palácio do Eliseu. O chefe do Estado francês conversou nesta segunda-feira com Putin, com o chefe de Estado ucraniano Volodymyr Zelensky, duas vezes com o chanceler alemão Olaf Scholz e com os representantes da União Europeia, Charles Michel e Ursula Von der Leyen.

O pedido de reconhecimento havia sido feito mais cedo pelos líderes dos dois territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, da DNR (República Popular de Donetsk) e Leonid Pasechnik, da LNR (República Popular de Lugansk), que também pediram a ativação de uma “cooperação de defesa” com os russos.

UE promete sanções

A União Europeia (UE) também disse que reagirá com firmeza e está disposta a aplicar sanções, anunciou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell. “Colocarei o pacote de sanções sobre a mesa dos ministros europeus”, alertou Borrell no fim de uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Bruxelas.

O reconhecimento por parte da Rússia da independência das regiões separatistas da Ucrânia representaria uma “ruptura unilateral” dos acordos de Minsk de 2015, também disse nesta segunda-feira o chefe de governo alemão Olaf Scholz, após uma conversa telefônica com Vladimir Putin.

A ONU pede que “todas as partes interessadas se abstenham de qualquer decisão ou ação unilateral que possa minar a integridade territorial da Ucrânia”, disse seu porta-voz quando questionado sobre um possível reconhecimento por Moscou da independência das regiões separatistas pró-Rússia na Ucrânia. “Pedimos a  cessação imediata das hostilidades, à contenção máxima de todas as partes para evitar qualquer ação e declaração que agrave ainda mais as tensões”, disse Stéphane Dujarric, que destacou que todas as disputas devem “ser tratadas com diplomacia”.

Bombardeios no leste deixaram dois mortos

A tensão cresceu no leste da Ucrânia, onde separatistas pró-Rússia que se revoltaram contra Kiev travam um conflito que já matou mais de 14.000 pessoas desde 2014. Dois soldados morreram na cidade de Zaitseve e quatro outros ficaram feridos nesta segunda-feira, em um bombardeio separatista na região de Donetsk. Pouco antes, as autoridades haviam anunciado a morte de um civil em um bombardeio separatista na mesma região.

As autoridades das duas “repúblicas pró-Rússia” ordenaram a mobilização dos homens que possam combater e e a transferência de civis para a Rússia. Moscou informou nesta segunda-feira que 61.000 pessoas deixaram a região. Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos acusam a Rússia de mobilizar mais de 150.000 soldados na fronteira da Ucrânia para lançar um ataque, e Washington afirma que a invasão pode ocorrer “a qualquer momento”.

O presidente russo, Vladimir Putin, também acusou nesta segunda-feira (21) as potências ocidentais de usar a crise na Ucrânia para “ameaçar” a segurança da Rússia. Mais uma vez, Putin acusou o Ocidente de “usar a Ucrânia como instrumento de confronto com nosso país”, o que “representa uma séria ameaça, muito importante para nós”. A prioridade de Moscou não é “confronto, mas segurança”, acrescentou o presidente durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da Rússia.

As declarações do chefe de Estado vêm depois de a Rússia anunciar, nesta segunda-feira, que suas forças de segurança eliminaram dois grupos de sabotadores ucranianos que haviam penetrado em seu território e acusar a Ucrânia de ter bombardeado um posto de fronteira.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que se reunirá com seu colega americano, Antony Blinken, na quinta-feira. Uma operação militar russa seria “particularmente brutal” e “custaria a vida de ucranianos e russos, sejam civis ou soldados”, disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan. Moscou nega ter planos de invadir a Ucrânia, mas exige garantias de que essa ex-república soviética não será reconhecida pela Otan. Os pedidos foram, até agora, rejeitados pelo Ocidente.

*Com informações da AFP e RFI.


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