Brasil condena guerra na Ucrânia e defende solução diplomática, diz Mourão à ONU News

Vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirma que seu país não está neutro, mas pronto para ajudar a acabar com o conflito russo-ucraniano.
Vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirma que seu país não está neutro, mas pronto para ajudar a acabar com o conflito russo-ucraniano.

Na conversa com a ONU News, em Nova Iorque, Hamilton Mourão, vice-presidente da República, declarou que as eleições no Brasil serão pacíficas e o vencedor será empossado em 1 de janeiro de 2023 “sem maiores problemas”. Ele vislumbra um possível retorno de tropas brasileiras para missões de paz da ONU.

ONU News: Vice-presidente, é bem-vindo a essa entrevista à ONU News.

Hamilton Mourão: Obrigado, Eleutério. Satisfação muito grande poder estar aqui neste prédio da ONU e poder conversar com você.

ONU News: Vice-presidente, a busca de paz no mundo inteiro mostra-se cada vez mais relevante. Veio aqui falar de uma situação em que o Brasil foi muito relevante, o Haiti. Mas temos várias outras. Como é que as operações de paz estão na agenda política brasileira neste momento?

HM: Olha, o Brasil desde 1956, né, tem participado ininterruptamente das operações de paz da ONU.  Seja com envio de tropa, né, nós tivemos tropa tanto lá na região do Suez, tivemos tropas em Angola, tivemos tropa em Moçambique, tivemos tropa no Haiti, tivemos tropa no Líbano. E com observadores militares, o pessoal do staff, nos mais diversos locais. Então é uma questão de prioridade para as Forças Armadas brasileiras e, óbvio, para o nosso governo.

ON: Vice-presidente, temos de um lado, a questão de prioridades, mas também o lado prático. Há ideia de se estender esta presença do país, por exemplo?

HM: É, Eleuterio, o que ocorre é que o Brasil teve uma participação muito grande ao longo de quase 14 anos no Haiti. Então foi importantíssimo para o enriquecimento dos oficiais, dos praças, das Forças Armadas brasileiras ter essa experiência. Mas isso requer recursos, e no presente momento, com essa questão da pandemia, a questão do conflito russo-ucraniano, o governo tem sido obrigado a utilizar recursos para socorrer aquelas pessoas mais necessitadas por causa de problema do preço dos combustíveis, aumento de preço dos alimentos…Então tem sobrado muito pouco para que se pudesse investir numa participação direta, né, das tropas do terreno como você colocar. Agora, nós vamos ter eleições no Brasil, e eu acredito que, até o final do ano, essa questão melhore, e talvez, ano que vem, a gente consiga abrir espaço dentro do orçamento nacional para que a gente desdobre, efetivamente, tropas em apoio às operações de paz que estão sendo realizadas.

ON: Porque há, de certa forma, alguma preocupação com as situações como o Haiti, da qual falou há pouco tempo. As gangues voltaram. O Brasil teve uma participação muito importante. Vemos agora, mulheres, meninas ameaçadas. Vemos agora a situação alimentar que está difícil por causa da atuação de gangues que (as tropas do) Brasil já tinham removido anteriormente como parte da cooperação da ONU.

Como se sente o Brasil neste cenário. Frustração? Acha que há alguma esperança?

HM: Na realidade, né, o Brasil como fez parte do ramo militar da Missão. E o ramo militar da Missão tem uma tarefa que está subordinada ao ramo político, que é o representante especial do secretário-geral, que é quem realmente dita as diretrizes para o envolvimento tanto para o staff civil como o da força militar. Então, o Brasil participou daquilo que nós compreendemos que foram as nossas responsabilidades. Acredito que nós fomos muito bem-sucedidos, naquele momento, mas nesse caso particular do Haiti, eu acho que a comunidade internacional tem que entender que tem que haver um apoio maior àquele país.  Não é uma quantidade tão grande assim de recursos financeiros que seriam necessários para que o povo haitiano consiga ter dignidade.

ON: Essa concertação, o Brasil estaria pronto para apoiar?

Eu acho que nós devíamos ter uma nova dimensão em termos de membros permanente do Conselho de Segurança para que ele retratasse, fielmente, o que é o equilíbrio de poder a importância que cada região do mundo tem dentro desse concerto de 193 nações

HM: O Brasil entende seu papel perante o concerto das nações. É óbvio que hoje um apoio financeiro, de parte do nosso governo, fica um tanto quanto complicado.  Mas se, por caso, voltar a ocorrer a necessidade, apesar de hoje o Haiti não querer mais tropa da ONU lá. Hoje, eles desejam mais um apoio de força policial, né? Isso poderá ser perfeitamente estudado pelo governo brasileiro.

ON: General, nós falamos sobre meninas e mulheres vítimas de situações como as do Haiti. Mas agora, há cada vez, esta posição de que mulheres na política ajudariam a resolver conflitos em situação de violência. Qual é a sua opinião?

HM: Eu vejo como uma evolução natural essa participação feminina. Principalmente porque em áreas de conflito como nós temos no Haiti, como eu tive a oportunidade de ver lá em Angola, e como a gente vê em outros lugares, os que mais sofrem são as mulheres, as crianças, os idosos. E, é óbvio, que a presença de mulheres nessa questão ligada aos direitos humanos e a própria presença de mulheres nas forças de paz, eu considero fundamental para que a missão dessas pessoas seja cumprida de uma forma mais eficiente e eficaz.

ON: Vice-Presidente, estamos numa época em que se registram os conflitos mais violentos desde a Segunda Guerra Mundial. O Brasil está agora a presidir o Conselho de Segurança. Em que outras áreas é que pode se consolidar essa cooperação com as Nações Unidas para lidar com essa situação?

HM: Vamos lembrar que o Brasil é um dos primeiros signatários aqui da Carta das Nações Unidas. Tivemos a grande figura de Oswaldo Aranha, o primeiro secretário aqui. Então, alguém que realmente participou. E o Oswaldo Aranha é natural do meu estado-natal no Brasil, o Rio Grande do Sul, é um gaúcho como eu. E o nosso país, dentro da sua regra constitucional, ele joga de acordo com aquilo que prevê a Carta da ONU na busca constante da solução pacífica dos conflitos, do respeito da soberania das nações. Do respeito à autodeterminação dos povos. Então, eu acho que o Brasil está alinhado perfeitamente com os interesses maiores das Nações Unidas e que representam os interesses maiores da humanidade.

*Com informações da ONU News.


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