Euro continua em queda e é cotado abaixo do dólar pela primeira vez em 20 anos

Moeda comum é pressionada pela crise energética que ameaça mergulhar a Europa em uma forte recessão.
Moeda comum é pressionada pela crise energética que ameaça mergulhar a Europa em uma forte recessão.

O euro caiu abaixo do limite de paridade com o dólar nesta segunda-feira (22/08/2022), em um nível jamais visto desde quando entrou em circulação, há 20 anos. A moeda comum é pressionada pela crise energética que ameaça mergulhar a Europa em uma forte recessão.

O dólar, por sua vez, continua a se beneficiar do aumento sucessivo das taxas de juros do Federal Reserve (Fed, o banco cenrtal americano). O euro perdeu 0,96% por volta das 15h30 GMT (17h30 em Paris) para US$ 0,9941, a menor cotação desde 2002, quando a moeda europeia foi implantada.

A força do dólar encarece as importações, principalmente de matérias-primas, como o petróleo, que são cotados em moeda americana, acentuando uma inflação que já é devastadora para consumidores e empresas.

“A Europa está se preparando para outro fechamento do gasoduto Nord Stream 1 no final deste mês”, afirma à AFP o analista Craig Erlam, da corretora Oanda.

A Gazprom, gigante russa do gás, alertou que as entregas de gás serão interrompidas para “manutenção” do gasoduto de 31 de agosto a 2 de setembro, sob o risco de reacender os temores de uma escassez do produto na Europa, onde a Rússia é acusada de chantagem energética.

Como resultado, o preço do gás europeu voltou a disparar e atingiu € 295 por megawatt hora (MWh) nesta segunda-feira, aproximando-se de máximos históricos alcançados nos primeiros dias da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Maus indicadores

A semana pode ser dolorosa para o euro, temem os analistas. No momento, a moeda se recuperou depois de ter flertado com o limite de paridade em 2022, mas “os maus indicadores do PMI (índice de gerentes de compra, que mede a atividade econômica de um país) desta terça-feira (23) podem ser suficientes para ancorar o euro abaixo de US$ 1”, alerta Kit Juckes, do banco Société Générale.

Do outro lado do Atlântico, apesar de um ligeiro enfraquecimento da inflação norte-americana em julho, o Federal Reserve garante que continuará a apertar sua política monetária. “Uma nova oportunidade para o Fed convencer o mercado será o simpósio de Jackson Hole” no final da semana, comenta Ulrich Leuchtmann, analista do Commerzbank.

Nessa reunião de representantes de bancos centrais, o chefe do Fed, Jerome Powell, falará na sexta-feira (26). Enquanto a economia americana é menos afetada do que a Europa pela guerra na Ucrânia, o Fed tem mais margem de manobra do que os bancos centrais do Velho Continente.

Libra despenca

Com isso, a libra esterlina também voltou às baixas cotações em 2022. “Tem sido um ano ruim para a libra, que está caindo em relação ao euro, enquanto o Banco da Inglaterra elevou suas taxas em todas as reuniões” desde o final de 2021, lembram analistas da OFX.

Apesar desses aumentos, a inflação britânica excede 10% em um ano e é a mais alta no G7, devido à guerra na Ucrânia, à pandemia, mas também ao Brexit, que aperta o mercado de trabalho e perturba ainda mais as cadeias de suprimentos do Reino Unido.

A US$ 1,1764 por libra, a moeda britânica está em seu nível mais baixo desde o início de 2020 e os primeiros meses da pandemia. Antes disso, a libra esterlina não caía abaixo de US$ 1,18 desde 1985.

*Com informações da RFI.


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