Parlamentares e população baiana reagem contra envio de material tóxico de Cubatão para Camaçari

Parlamentares e cidadãos baianos prometem agir para impedir que toneladas de resíduos industriais tóxicos – há décadas armazenados pela empresa multinacional Rhodia em um terreno de Cubatão (SP), sejam transportados e queimados em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA).

Após a Agência Brasil divulgar, nesta terça-feira (20/11/2012), com exclusividade, que o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) da Bahia e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) de São Paulo autorizaram o envio de toneladas de material contaminado por substâncias organocloradas como o pó da china (pentaclorofenato de sódio) e o hexaclorobenzeno para serem incineradas pela empresa de soluções ambientais Cetrel Lumina, as manifestações de repúdio à decisão vêm ganhando corpo.

Em Camaçari, além dos alertas e campanhas compartilhados entre usuários de redes sociais, os vereadores do Democratas, Antonio Elinaldo e Manoel Jorge Curvelo, prometem entrar, ainda hoje (22), com uma representação junto ao Ministério Público estadual para impedir o envio do material à Bahia.

“É uma falta de responsabilidade com a população permitir que este produto venha para Camaçari, que já tem tantos problemas de saúde”, disse Elinaldo, indiferente às manifestações dos órgãos ambientais baiano e paulista, que garantem que a operação só foi aprovada após a Cetrel Lumina ter realizado testes de queima de provas do material, comprovando a eficácia do incinerador para eliminar integralmente qualquer resíduo que ofereça risco à população.

“A população não vai ter ganho nenhum com isso e nem é obrigada a correr riscos, que existem. Temos exemplos comprovando que estes produtos causam danos [à saúde e ao meio ambiente]. Vamos verificar porque trazer esse material para a cidade, ao invés de queimá-lo em São Paulo mesmo”, disse Elinaldo, por telefone.

Os testes de queima realizados pela Cetrel foram, segundo a Cetesb e o Inema, uma exigência do Ministério Público estadual para que o transporte e a queima fossem autorizados. Em 2003, a Rhodia já havia obtido o aval dos órgãos ambientais oficiais para transportar e incinerar parte do material contaminado que está armazenado em São Vicente. A Rhodia chegou a enviar para Camaçari 3,6 mil toneladas do lixo tóxico, mas, em fevereiro de 2004, o juiz Ricardo D’Ávila, da 5ª Vara da Fazenda Pública da Bahia, proibiu a continuidade da operação.

Ao discursar, ontem (21), na Assembleia Legislativa, a deputada estadual Luiza Maia (PT) também prometeu recorrer à Justiça para impedir que o material contaminado seja incinerado em Camaçari.
“Atenção ambientalistas de Camaçari. Não vamos aceitar o lixo químico de São Paulo. Todos à luta: revogação da licença do Inema já!”, escreveu a deputada no twitter, antes do início da sessão na assembleia.

O deputado Bira Corôa (PT) também se pronunciou contra a iniciativa, durante a sessão de ontem da Assembleia Legislativa, Ele afirmou que a queima dos resíduos da Rhodia são uma ameaça não só para a população de Camaçari e região, mas também para as cidades por onde vão passar os caminhões nos quais o material vai ser transportado. “Convocamos a sociedade civil para começar uma campanha contra esse absurdo, que atenta contra a saúde pública e o meio ambiente”, conclamou Corôa. No twitter, o deputado sustentou que a queima do material é proibida no estado de São Paulo porque o estado adota limites mais restritivos de índices de emissão de poluentes junto à fumaça resultante da queima.

Leia +

Produzido pela RHODIA, lixo tóxico armazenado na Baixada Santista será incinerado em Camaçari

Caso Rhodia: Bira Corôa protesta contra ameaça de incineração de lixo tóxico em Camaçari

*Com informações da Agência Brasil.


Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe to get the latest posts sent to your email.

Facebook
Threads
WhatsApp
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading

Privacidade e Cookies: O Jornal Grande Bahia usa cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com o uso deles. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte: Política de Cookies.