Editorial: As forças conservadoras e o ensaio de um Golpe de Estado

Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, e o deputado Eduardo Cunha. Aliados Aécio Neves fazem oposição ao governo Rousseff, e respondem a inquéritos judiciais abertos no âmbito do STF com a finalidade de apurar possíveis envolvimentos em atos de corrupção na Petrobras. Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, e o deputado Eduardo Cunha. Aliados de Aécio Neves fazem oposição ao governo Rousseff, enquanto respondem a inquéritos judiciais abertos no âmbito do STF, cuja finalidade é apurar possíveis envolvimentos em atos de corrupção na Petrobras.
Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, e o deputado Eduardo Cunha. Aliados Aécio Neves fazem oposição ao governo Rousseff, e respondem a inquéritos judiciais abertos no âmbito do STF com a finalidade de apurar possíveis envolvimentos em atos de corrupção na Petrobras. Senadores Aécio Neves e Renan Calheiros, e o deputado Eduardo Cunha. Aliados de Aécio Neves fazem oposição ao governo Rousseff, enquanto respondem a inquéritos judiciais abertos no âmbito do STF, cuja finalidade é apurar possíveis envolvimentos em atos de corrupção na Petrobras.

A reeleição do senador Aécio Neves como presidente do PSDB nacional ocorrida em Brasília, no domingo (05/07/2015), durante a XII Convenção Nacional do PSDB foi seguida de comentários informando sobre a intenção de políticos, liderados por Aécio Neves, de implantar um governo republicano baseado no parlamentarismo, e sobre a tentativa de retirar a presidenta Dilma Rousseff do poder, o mais breve possível. Neste aspecto, eles tentam utilizar, principalmente, os conspiradores instalados no Tribunal de Contas da União (TCU), com a finalidade de condenar as contas da gestão de 2014 de Dilma Rousseff e Michel Temer. Com a condenação das contas, pode vir a ser inciado o processo de impeachment.

A articulação do golpe

Observa-se que o desenho da tentativa de golpe para retirada da presidenta Rousseff do poder é paulatinamente implementado junto a sociedade brasileira.  Ele tem início com o vazamento seletivo de informações sobre as investigações, e os subsequentes processos judiciais, envolvendo a Operação Lava Jato.

Objetivando amplificar os efeitos dos vazamentos seletivos de informações é utilizando um repetitivo discurso político/midiático que têm como alvos o Partido dos Trabalhadores (PT), e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Aliado a essa práxis, conservadores com mandato no Congresso Nacional, utilizando-se de uma mídia que tem fortes vínculos com o movimento ditatorial implantado no Brasil entre os anos de 1964 a 1985, e com a capacidade de repercutir o discurso golpista no parlamento, disseminaram informações dando conta que a presidenta Dilma Rousseff liderou, ao lado do ex-presidente Lula, conduzem administrações classificadas como cleptocracia.

Sobre discurso e ação prática, ensina Karla Marx que a ideologia age mascarando e moldando a realidade, e tem por finalidade servir a classe dominante. Neste aspecto, os conservadores moldam um discurso golpista. Eles tentam retirar a soberania do povo, atribuindo as próprias verdades como justificativa – eleições fraudadas, caixa de campanha corrupto, conivência com atos ilícitos, falhas na condução da gestão pública, etc. Os golpistas usam a práxis como forma de sedimentar as bases para que surja um “novo governo”, baseada no seguinte conceito: “eis aqui o salvador da nação. Ele vem para reconstruir o país”.

Golpistas e corruptos unidos

A máscara do discurso golpista cai. Ela é revelada pelos aliados da trama. PSDB e parte do PMDB unem-se com o propósito de conquistarem, através de um pseudo golpe democrático, a chegada ao poder. Tentam desconstruir o principal opositor, Lula, em conjunto com a aliada palaciana, Dilma Rousseff.

Ensina, também, Marx, que é na concretude que reside a síntese das múltiplas determinações do fenômeno. Os aliados de Aécio Neves, os presidentes da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB); e do Senado, Renan Calheiros não podem escapar ao fato determinante de que respondem, no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), a abertura de inquérito judicial, com a finalidade de revelar possíveis envolvimento de ambos no esquema de corrupção da Petrobras.

Na concretude dos fatos revela-se incontestável verdade, Aécio Neves é aliado de políticos suspeitos de graves atos de corrupção. É com estas pessoas que o senador mineiro, presidente nacional do PSDB, tenta derrubar a República, e implantar, à revelia do povo brasileiro, o sistema parlamentarista. Quem, efetivamente conspira, na quase totalidade, é quem de fato está sendo investigado por corrupção.

Envolvimentos

A mesma mídia golpistas não pode se negar a registrar certas realidades reveladas no âmbito dos processos judiciais envolvendo a Lava Jato. No dia 3 de julho, o jornal Estadão publicou a matéria com o título ‘Delator implica 15 partidos e diz que entregou dinheiro vivo para campanha de Lula’.

A matéria informa que “reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, traz novos documentos da delação de Ricardo Pessoa que admitiu que sua empresa, a UTC Engenharia, fazia doações para “abrir portas” no Congresso e em todos os órgãos públicos”.

A matéria relata que na lista apresentada pelo executivo, Ricardo Pessoa, aos investigadores, estão os principais partidos da base aliada e também da oposição: DEM, PMDB, PP, PPS, PR, PSC, PSDB, PC do B, PV, PDT, PTB e até o nanico PRTB. Segundo a reportagem, contudo, a lista não difere o que é dinheiro de doação oficial e o que é dinheiro de propina.

Observa-se que não apenas o PT, mais que ao todo, 12 partidos foram beneficiados com recursos financeiros, resultados de contratos superfaturados envolvendo a UTC e a Petrobras.

Conspiradores e a usurpação do sufrágio universal

Observa-se que os conspiradores golpistas são tão ou mais corruptos, quanto são aqueles que eles tentam retirar do poder. Observa-se, também, que eles não se fartam em roubar recursos financeiros do povo, também querem lhe roubar o poder de escolha do supremo mandatário do país.

Infere-se que o editorial não objetiva taxar os governantes, Lula e Rousseff de inocentes na condução do poder, e meos ainda com relação aos atos de corrupção engendrados no âmbito da Petrobras. Mas, também, não é possível lhes atribuir culpa, até o momento. Observa-se que para que sejam culpados é necessário que evidências sejam apresentadas sobre o envolvimento de um, ou de ambos. Não obstante, foram nos governos de Lula e Dilma que inúmeros esquemas de corrupção foram revelados, inclusive o esquema da Petrobras.

Observa-se que a sociedade não pode permitir que lhe tirem o direito de determinar qual o melhor sistema de governo, e quem deve governar. A sociedade deve, também, observar e condenar quem conspira. Porque os conspiradores são os mesmos que os colocaram nas favelas, no trabalho escravo, os mantiveram como analfabetos, os condenaram a exclusão social.

Conclui-se relembrando uma afirmação do ministro da Defesa, Jaques Wagner, ao conceder entrevista ao Jornal Grande Bahia: “quem errou, que pague pelo erro”.

*Carlos Augusto é jornalista e cientista social.

Senador Aécio Neves (PSDB/MG) comemora releição para presidente do partido.
Senador Aécio Neves (PSDB/MG) comemora releição para presidente do partido.
Eduardo Cunha.
Eduardo Cunha.
Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
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