
Com título ‘A guerra contra Gilmar Mendes: o El País está na #VazaJato’, o The Intercept Brasil anunciou nesta terça-feira (06/08/2019) parceria com o El País e publicou em conjunto com o veículo de imprensa matéria que revela caça internacional promovida por membros força-tarefa do Caso Lava Jato contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Os fatos narrados na matéria evidenciam uma escalada criminosa envolvendo o juiz encarregado pelo Caso Lava Jato em Curitiba e procuradores da República, membros da força-tarefa. Em síntese, a reportagem desvela o uso do Estado em atos persecutórios, com a finalidade de enriquecimento e ganho pessoal do poder.
A reportagem com ‘As mensagens secretas da Lava Jato (#VazaJato)’ ganha uma dimensão distinta das anteriores porque é possível, aos ministros do STF, verificar a veracidade do conteúdo publicado com as mensagens recuperadas pela Polícia Federal (PF), durante a Operação Spoofing, ocorrida no dia 23 de julho.
Ao analisar a atuação da força-tarefa do Caso Lava-Jato, o ministro Gilmar Mendes disse que o, à época, juiz e os procuradores da República criaram uma sofisticada organização criminosa (ORCRIM), cuja finalidade foi o enriquecimento pessoal e o ganho de poder, utilizando a capacidade persecutória do Estado para destruir reputações e condenar pessoas que criavam óbice ao grupo criminoso.
Confira comunicado ‘O El Pais é o mais novo parceiro do Intercept Brasil na apuração dos arquivos da #VazaJato’
O jornal espanhol é nossa primeira parceria internacional, e se junta aos parceiros já estabelecidos: Folha, Veja e Reinaldo Azevedo. Depois de alguns dias de trabalho com nossos repórteres, o El Pais publica hoje a primeira reportagem baseada nas mensagens secretas da Lava Jato.
As jornalistas Marina Rossi e Regiane Oliveira contam como procuradores de Curitiba, liderados por Deltan Dallagnol, mais uma vez planejaram investigar ilegalmente um ministro do STF. A matéria demonstra o esforço de coleta de dados sobre o ministro Gilmar Mendes com o objetivo de pedir sua suspeição e até seu impeachment. Como mostramos anteriormente, a Lava Jato já havia investigado clandestinamente outro ministro do STF, Dias Toffoli. Nos dois casos, os procuradores agem fora da lei – não cabe a eles esse tipo de investigação, é ilegal usar seus recursos e seu poder para atacar a suprema corte.
As mensagens que hoje vêm a público revelam que tudo começou porque Dallagnol compartilhou com os colegas um boato. Segundo ele, parte do dinheiro mantido em contas no exterior por Paulo Preto – apontado como operador de propinas do PSDB – pertencia a Gilmar Mendes.
O desenrolar da conversa demonstra que o grupo de procuradores apostou que o ministro poderia ser beneficiário de contas e cartões que o operador mantinha na Suíça. “Vai que tem um para o Gilmar…”, diz o procurador Roberson Pozzobon nos chats. “Aí você estará investigando ministro do Supremo, Robinho… Não pode”, alertou o procurador Athayde Ribeiro da Costa, com ironia. “Ahhhaha”, devolveu Pozzobon. “Não que estejamos procurando”, completa ele. “Mas vai que…”.
Diz o El Pais, sobre os procuradores, nessa sua reportagem de estreia:
“Eles planejaram acionar investigadores na Suíça para tentar reunir munição contra o ministro, ainda que buscar apurar fatos ligados a um integrante da Corte superior extrapolasse suas competências constitucionais, de acordo com especialistas ouvidos pela reportagem.”
Nas conversas secretas, Deltan deixa claro que sabia que estava fora de suas competências legais. “Nós não podemos dar a entender que investigamos GM [Gilmar Mendes]”, diz em certo momento.” Mesmo assim, o coordenador da força-tarefa decide ir adiante: “Vale ver ligações de PP [Paulo Preto] para telefones do STF”.
O El País já havia se debruçado sobre o acervo da Vaza Jato antes. O jornal publicou no mês passado uma reportagem minuciosa comprovando mais uma vez a autenticidade dos arquivos que Deltan, Moro e os demais envolvidos insistem em negar, apesar das evidências definitivas.
Agora, com a parceria, a redação brasileira do jornal espanhol se junta ao TIB para ampliar a cobertura da #VazaJato. O site vai contribuir para que as impropriedades cometidas pela força-tarefa sejam noticiadas para uma audiência global.
Glenn Greenwald, editor cofundador
Leandro Demori, e editor executivo
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