ALBA: Moção de solidariedade às Comunidades da Ilha de Maré apresentada pelo deputado Hilton Coelho

Terminal de Botelho, na Ilha de Maré, em Salvador.
Terminal de Botelho, na Ilha de Maré, em Salvador.

A população de Ilha de Maré, área que compõe Salvador, tem vivenciado situação de desequilíbrio ambiental causado por uma superpopulação de lagarta da teca (hyblaea puera), animal exótico e que tem destruído os manguezais da região, de onde se extrai uma das principais fontes de renda dos moradores. O deputado Hilton Coelho (PSOL) apresentou moção de solidariedade à comunidade na Assembleia Legislativa da Bahia. “Estamos acompanhando o caso, em diálogo com as lideranças locais. Cobramos ações rápidas dos órgãos competentes como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), no acompanhamento ao caso”.

“Há um mês, lideranças da comunidade quilombola de Bananeiras, localizada no nordeste da Ilha de Maré, vêm alertando autoridades públicas e instituições de proteção ambiental sobre a presença de lagartas jamais vistas no território, que rapidamente se espalharam atacando a vegetação dos manguezais de forma muito rápida. Em visita à ilha o que encontramos foi um cenário desolador, com vastas áreas de manguezais acinzentadas, apenas com as nervuras das folhas à mostra, como se tivessem sido acometidas por um grande incêndio, sem as folhagens verdes, responsáveis pelo sombreamento adequado a um rico e complexo ecossistema. A presença desta ‘praga’ nos manguezais causa pânico numa comunidade que vive da pesca e mariscagem, que tem nesta atividade sua principal fonte de subsistência”, detalha o legislador.A presença de uma superpopulação desse tipo de lagarta exótica (lepidóptera), que assume um comportamento de praga na vegetação dos manguezais, é um dos sinais de grande desequilíbrio ambiental, segundo o biólogo e mestre em ecologia, Jean Anjos, 27, nativo da comunidade quilombola de Bananeiras. Trata-se de fenômeno que ocorre precedido de grandes impactos ambientais, como desmatamento e poluição severa, o que facilita que espécies invasoras encontrem um ambiente propício para se desenvolverem de forma desordenada.

Hilton Coelho cobra um posicionamento mais rápido e eficiente dos poderes públicos. “Com a lenta resposta dos órgãos públicos responsáveis pela área, coube à comunidade as primeiras iniciativas de coleta de amostras das lagartas em diferentes fases de metamorfose e envio ao Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). As primeiras análises realizadas por pesquisadoras da UFBA confirmam que se trata de uma espécie de lagarta nativa do sudeste asiático e que já houve ocorrências semelhantes ao que vem acontecendo em Ilha de Maré, em outras regiões de mangue no Brasil, também acometidas pelo desequilíbrio ambiental, como nos manguezais do município de Bragança, no Pará. Mas na Bahia, essa seria a primeira ocorrência”.

Para combater este desequilíbrio pela raiz se faz necessário combater a poluição que vem sendo causada por um conjunto de empreendimentos industriais na região, fator de contaminação de águas, ar e solo, e que há décadas vem sendo denunciada pelas lideranças das comunidades. A natureza vem dando vários sinais: mortes de siris e de peixes como baiacus e outros sinais estranhos como uma tonalidade estranha no mar, e presença de um material semelhante a uma farinha, que estava na água e formava uma faixa longa.

Hilton Coelho lembra que “a Ilha de Maré e todo o entorno já eram habitados por comunidades quilombolas há muitos séculos. A partir da década de 1950, com a instalação de indústrias ligadas à área petroquímica, o Porto de Aratu se tornou o principal escoadouro dos produtos produzidos no Polo Petroquímico da Bahia, em Camaçari. Desde então, as comunidades, autoidentificadas como comunidades negras sofrem o assédio e a violência diária dos empreendimentos que crescem, cada vez mais, sobre os seus territórios; sofrem com as intervenções ambientais e rejeitos negligentes e irresponsáveis dos processos industriais, que tem contaminado o ar, as águas e adoecido a população de Ilha de Maré”, finaliza.


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