Ao casal amigo Taomi e Fernando Mascarenhas!
Os dois problemas fundamentais da sociedade brasileira e baiana são educação e saneamento básico. Com a educação de má qualidade que praticamos, o Brasil continuará sendo, tempos à fora, como o eterno País do Futuro, conforme expressão cunhada por Stephen Zweig (1881-1942), notável escritor austríaco que suicidou em Petrópolis, a 28 de fevereiro de 1942, juntamente com a esposa, por temor de ser repatriado para a Alemanha, para morrer nas masmorras de Hitler, como acontecera, seis anos antes, com Olga Prestes, por lamentável ordem do ditador Getúlio Vargas.
Com 54% de brasileiros e 60% de baianos, sem acesso a saneamento básico, essas populações são majoritariamente expostas ao desconforto e a permanentes doenças que comprometem a qualidade de suas vidas, além de terem reduzidas sua longevidade média a 54 anos, quando os que têm acesso a esse serviço fundamental para sua saúde e bem estar vivem, em média, 79 anos, conforme conclusão da Oxfam (Oxford Famine), ONG multinacional, criada na Inglaterra, em 1941, dedicada a medir a desigualdade dos povos. As mortes diárias, na Bahia e no Brasil, decorrentes da ausência de saneamento básico são contínua e permanentemente muito mais numerosas do que as decorrentes da Covid 19, ora em fase de acentuado arrefecimento, a caminho de seu fim.
Sobre a educação, é o que se sabe: o Brasil, 10ª economia do Planeta, ocupa o último posto entre as noventa maiores economias, figurando o Estado da Bahia, em estado lamentável, conforme inquietantes dados do conhecimento geral. Sem que façamos dessas duas dimensões da vida das pessoas e dos povos, nossas prioridades básicas, brasileiros, em geral, e baianos, em particular, continuaremos a apanhar água em cesto, numa expectativa psicopatológica de obtermos resultados distintos, sem que alteremos a natureza das causas que os produzem.
É verdade que a experiência demonstra que, majoritariamente, o eleitor brasileiro, ignorante, em sua grande maioria, não costuma votar em candidatos que levantem qualquer dessas duas bandeiras – saneamento e educação -, a ponto de circular o quase slogan de que candidatos que defendam essas duas dimensões não se elegem, estimulando que não tenhamos, em todos os postos eletivos, um contingente razoável de estadistas, responsáveis pela grandeza dos povos, consoante a conhecida definição de Winston Churchill: político é aquele que atua pensando na próxima eleição, e estadista é o que faz tudo em função da próxima geração.
Enquanto o eleitorado continuar insensível ao significado dessas duas dimensões para a grandeza e prosperidade dos povos, nosso avanço será claudicante e cada vez maior a distância que nos separa do que, romanticamente, aspiramos alcançar.
Caro leitor: faça um esforço para saber ou cobrar dos seus candidatos, aos diferentes postos, no Executivo e no Legislativo, o que pensam fazer a respeito dessas duas questões fundamentais, para, finalmente, realizar sua escolha, diferentemente do que tem historicamente ocorrido, quando o mais verboso e, frequentemente, populista, que promete o céu na terra, é o escolhido perpetuando as abissais diferenças sociais que nos infelicitam, em razão de nossa reiterada prática do desperdício. É verdade que Joseph De Maistre (1753-1821), já advertia, ao tempo do populismo vigorante na Revolução Francesa, que “Cada povo tem o governo que merece”.
Para principiar a mudança, não votar em ladrões ou a ladrões associados já será um grande avanço.
*Joaci Góes, advogado, jornalista, empresário, presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB), ex-deputado federal e ex-presidente da Academia de Letras da Bahia (ALB).
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