A União Europeia não pode abandonar totalmente a importação de gás russo a longo prazo, afirmou um experiente investidor norte-americano, Jim Rogers.
Alguns líderes europeus apelaram para a União Europeia introduzir a proibição total das importações de gás russo no próximo, sétimo, pacote de sanções a aplicar à Rússia.
“Talvez, a curto prazo, mas tenho dúvidas se falarmos a longo prazo”, disse Rogers quando foi perguntado se era possível que a Europa se tornasse independente do fornecimento de gás russo.
A União Europeia pode tentar substituir o gás russo por entregas de combustível do Oriente Médio ou dos Estados Unidos, mas isso será muito complicado, levando em conta que os europeus terão de encontrar uma fonte capaz de garantir o fornecimento de grandes volumes de gás durante um longo período de tempo.
“Dessa maneira, as decisões a curto prazo não vão resolver o problema”, afirmou Rogers. “A Europa é demasiado grande, sua economia é enorme, por isso as decisões a curto prazo não chegam.”
Segundo Rogers, a decisão da União Europeia de limitar as importações de gás russo até o fim do ano vai causar problemas nos meses mais frios e no próximo ano, caso o bloco não consiga encontrar uma alternativa viável ao fornecimento do gás russo.
Além disso, Rogers salientou que as economias dos países da UE estão sofrendo com as sanções que eles mesmos impuseram.
De acordo com o investidor norte-americano, os países europeus poderiam voltar a abrir usinas nucleares e de carvão para obter uma fonte de energia alternativa, mas, para tal, é preciso que façam algo de forma rápida, por terem cortado uma de suas fontes de energia principais, disse.
Segundo os dados da Agência Internacional de Energia (AIE), em 2021 a União Europeia importou da Rússia 155 bilhões de metros cúbicos de gás natural, o que constitui 45% das importações do bloco e 40% de seu consumo geral.
Crise de gás natural na Europa é ‘pior do que parece’, opina Bloomberg
Os preços do gás natural europeu estão mais baixos do que os máximos atingidos em março, mas se for um pouco mais fundo, eles estão sinalizando uma interrupção mais prolongada do que parecia mesmo no início da ofensiva russa na Ucrânia, escreve o observador da Bloomberg Javier Blas.
“Enquanto o mercado de gás então previu uma crise de curta duração, durando talvez um par de meses, agora está representando um perigo extremo para o próximo inverno [no Hemisfério Norte], através de 2023 e, cada vez mais, para 2024”, diz o artigo de opinião.
O analista notou que o primeiro texto sério chegará nas próximas duas semanas, enquanto o gasoduto Nord Stream 1 (Corrente do Norte 1), a ligação mais importante entre a Rússia e a União Europeia, está passando por obras de manutenção anual de 11 a 21 de julho de 2022.
“Berlim receia que Moscou encontre uma desculpa para mantê-lo fechado para sempre, cortando completamente o fornecimento de gás à Alemanha. Depois de tudo o que Moscou fez, o governo alemão tem razão em estar preocupado”, acredita Javier Blas.
Ao mesmo tempo, na opinião dele, a Rússia pode querer manter alguns dos suprimentos de gás a fim de preservar sua influência de longo prazo, que desapareceria com a cessão completa das entregas.
Operária da indústria têxtil em uma fábrica especializada em fios e malhas para modas íntima, praia e fitness, em Fortaleza, no Ceará – Sputnik Brasil, 1920, 10.07.2022
Sendo o Nord Stream 1 a principal rota para o gás russo para a Europa, a recusa de reabrir o gasoduto após a manutenção limitará o lucro que a gigante estatal russa Gazprom desfruta de preços altos do gás, aponta o observador.
Ao resumir, o autor do artigo prevê “mais risco à frente: em algum momento, Moscou vai desligar completamente a torneira, provavelmente antes do inverno, para tentar colocar a economia alemã de joelhos. Esse é um resultado que o mercado ainda não avaliou”.
O preço de gás na Europa dobrou em um mês: se em 10 de junho o valor dos futuros foi de US$ 903,8 (R$ 4.750), até o final do mês aproximou-se de US$ 1.600 (R$ 8.408) e no início de julho – pela primeira vez desde março – atingiu a taxa de US$ 1.900 (R$ 9.985).
Em meio à severa crise energética, futuro da Europa não interessa muito aos EUA, diz analista chinês
A economia europeia está passando por uma fase difícil por seguir a política de sanções dos EUA. Ao mesmo tempo, o futuro dos aliados não interessa muito a Washington, o que a União europeia já começou a entender, declarou à agência Xinhua Cui Hongjian, diretor do Instituto Europeu da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim.
De acordo com o especialista, devido às sanções energéticas impostas pelo Ocidente à Rússia, a Europa está passando por uma crescente escassez de recursos energéticos e o custo do petróleo e do gás está aumentando acentuadamente.
Por sua vez, devido ao aumento dos preços, a indústria de energia exigiu extensos gastos orçamentais que desestabilizou outras áreas de financiamento, o que faz crescer a insegurança nos europeus.
Com a intensificação do conflito na Ucrânia, Washington está tentando “dar um ritmo à Europa”, frisa Hongjian. Uma das manifestações desta política é o incentivo dos países europeus a adotarem inúmeros pacotes de sanções contra a Rússia.
“À medida que as restrições continuam ficando mais severas, o dano aos EUA, que dependem pouco da energia e comércio de Moscou, não é muito grande, mas para os países europeus a situação é completamente diferente, já que eles têm há muito tempo relações estreitas com a Rússia na esfera da indústria e energia”, explica o acadêmico.
Ao mesmo tempo, os EUA não se preocupam com as perdas dos seus aliados, acrescentou Hongjian. “Após a quinta rodada de sanções impostas pela União Europeia, ficou claro que elas não são apenas ineficazes, mas contraproducentes.
Agora a UE está finalmente entendendo que a Europa vai perder mais do que todo mundo por seguir cegamente os EUA e o contínuo aumento do bloqueio à Rússia”, observa o especialista.
Por fim, o diretor do instituto chinês disse que se os EUA continuarem a intensificar a pressão sobre a Rússia, as contradições dentro do “chamado sistema aliado” entre eles e a Europa vão se aprofundar.
*Com informações da Sputnik Brasil.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




