O bicentenário da Independência e as eleições | Por Joaci Góes 

Desfile Cívico-Militar por ocasião das Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil. Na educação, das massas a possibilidade de mudança estrutural do país.
Desfile Cívico-Militar por ocasião das Comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil. Na educação, das massas a possibilidade de mudança estrutural do país.

O Brasil figura como o país com a mais baixa qualidade de vida do Planeta, quando levamos em conta suas enormes possibilidades, decorrentes das extraordinárias riquezas naturais que possui. No extremo oposto figura Israel que, não obstante sua marcante pobreza de recursos naturais, oferece aos que nele vivem um padrão de conforto e bem-estar típicos do Primeiro Mundo. As razões para tão grande descompasso residem na abissal diferença atribuída à educação, como prioridade nacional, em cada um desses dois países que acentuam a relação linear crescente entre educação e progresso material ou amadurecimento civilizatório dos povos.

Desgraçadamente, como regra geral, os regentes do poder, no Brasil, parecem desconhecer essa realidade palmar. Tanto é verdade que o Brasil, uma das dez maiores economias, ocupa a 90ª posição em matéria de qualidade de sua educação, desde o ensino primário ao superior.

A transcorrência do bicentenário de nossa Independência, anteontem celebrada e se desdobrando até o Dois de Julho de 2023, quando se festeja, igualmente, o bicentenário da sua consolidação, em terras baianas, abrangendo as eleições nacionais agora em outubro, oferece aos brasileiros uma oportunidade excepcional para darmos um salto de qualidade no exercício do voto, com o propósito de elevarmos o padrão de nossa escolha de governadores, deputados estaduais e federais, senadores, e, especialmente, o Presidente da República que terá, dentre outras atribuições de magna importância, a tarefa de unir a família brasileira que neste momento vive em estado de animosidade, uns contra os outros, inclusive velhos amigos e parentes, como nunca se viu. Os desatinos que assistimos, repetidamente praticados, precisamente, por quem tem o dever institucional de garantir a paz social, como os integrantes dos três poderes, levam-nos a pensar que “deu a louca no Mundo”, quando, em verdade, essa é uma prática que caracteriza nações que parecem viver “deitadas, eternamente, em berço esplêndido”, aspirando uma grandeza que se move na direção de um futuro que nunca chega, como miragens no deserto.

Essa prolongada demora do Brasil em alcançar um futuro já conquistado por tantas nações maduras decorre da predominância de nossa preferência majoritária por estilos de liderança política de padrão “Pedro Malazarte”, que aposta na imbecilização coletiva, para seduzi-la com a promessa de trazer o céu para a terra, em lugar da opção por estadistas com a coragem e a grandeza de dizer que o bem estar geral exige de todos o sacrifício, por algum tempo, de derramar lágrimas, suor e sangue, se necessário for, como o preço a pagar para pisar no ambicionado e estável solo do bem estar geral. Nem de longe nos perpassa o espírito a ambição de contarmos com a metástase de estadistas do nível de um Winston Churchill, repetidamente festejado como um dos maiores estadistas do Século XX, como figurado no livro recente de Erik Larson, O Esplêndido e o Vil (The Splendid and the Vile), que me ofertou o velho e querido amigo José de Freitas Mascarenhas. Basta que os nossos representantes sejam íntegros, o maior atributo dos estadistas, como me ensinou o Mestre Orlando Gomes. Se não forem íntegros, quanto mais inteligentes e preparados, mais perigosos serão, no malsão e reiterado propósito de fazer do país uma colossal senzala espiritual.

Enquanto não atingimos esse patamar de ideal maturidade, basta que tomemos a precaução de não votar em ladrões, inspirados no entendimento de que só três categorias de eleitores votam neles: 1-os portadores de ignorância crassa; 2- os visceralmente desonestos; 3- os portadores de debilidade mental.

Sem dúvida: gente honesta, instruída e mentalmente sã não vota em ladrões!

*Joaci Góes, advogado, jornalista, empresário, ex-deputado federal constituinte e presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB).

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