Militar dos EUA: Bombas de fragmentação não mudarão relação de forças no conflito a favor da Ucrânia

O Exército ucraniano, segundo militares russos, já tinha usado munições de fragmentação para bombardear Donbass.

As bombas de fragmentação que Washington fornecerá a Kiev não ajudarão a Ucrânia a mudar o equilíbrio de forças devido à falta de treinamento dos militares ucranianos e à falta de experiência adequada de seus oficiais, escreve o especialista militar e tenente-coronel americano aposentado Daniel Davis em um artigo no 19FortyFive.

“Posso confirmar por experiência pessoal que as munições de fragmentação são realmente bastante poderosas, mas elas por si só não mudarão o equilíbrio de forças no conflito em favor da Ucrânia”, escreveu o especialista.

De acordo com Davis, as Forças Armadas da Ucrânia não poderão se beneficiar dessas munições devido ao treinamento insuficiente, falta de experiência dos oficiais e falta de tempo para criar formações de armas combinadas coesas e equipadas.

“O fornecimento de munições de fragmentação, não importa quão mais letais elas são do que as munições explosivas convencionais de 155 mm, não alterarão o resultado final da ofensiva atual. […] O mesmo se pode dizer sobre os F-16 e mísseis de longo alcance, que podem ser fornecidos no final deste ano”, concluiu o tenente-coronel aposentado.

Washington anunciou na sexta-feira (07/07/2023) que vai fornecer a Kiev munições de fragmentação proibidas pela convenção internacional, que havia sido ratificada por 123 países, que não incluem os EUA e a Ucrânia.

O Exército ucraniano, segundo militares russos, já tinha usado munições de fragmentação para bombardear Donbass. Segundo o tenente-general Igor Konashenkov, representante oficial do Ministério da Defesa da Rússia, isso significa que o objetivo das tropas da Ucrânia é matar o número máximo de civis.

Munições de fragmentação que EUA enviarão a Kiev representam grande risco para civis, diz mídia

O jornal The New York Times afirma que, ao anunciar a decisão de enviar munições de fragmentação à Ucrânia, o Pentágono assegurou que se trata de uma versão melhorada para minimizar vítimas civis.

No entanto, declarações de funcionários norte-americanos da Defesa indicam o contrário, destacou a mídia.

Um dos representantes do Pentágono, Patrick Ryder, ressaltou que as munições convencionais melhoradas de duplo propósito (DPICM, na sigla em inglês) que Washington vai fornecer a Kiev têm uma taxa de não detonação inferior a 2,35%.

Por sua vez, o subsecretário do Departamento de Defesa para Assuntos Políticos, Colin Kahl, observou que esta taxa foi obtida e verificada durante “cinco testes exaustivos” realizados pelos militares norte-americanos entre 1998 e 2020.

Outro funcionário da Defesa americana informou que os últimos testes de fogo real relativos à confiabilidade das munições de fragmentação foram do modelo M864 e ocorreram em 2020, no Arizona.

Este é um projétil de artilharia de 155 milímetros que, ao ser disparado, é capaz de voar até 30 quilômetros até se abrir em pleno voo, espalhando 72 minibombas sobre uma área maior que um campo de futebol.

“Os projéteis enviados a Kiev podem voar mais longe do que as versões anteriores, porém possuem as mesmas granadas, cuja porcentagem de falha é inaceitavelmente alta para o Pentágono”, relatou o NYT.

É de salientar que a porcentagem de falha, ou seja, não detonação, significa que essas minibombas permanecerão ativas no local e poderão explodir posteriormente à passagem de civis, inclusive crianças.

Um relatório divulgado em 2002 indica que as munições americanas usadas na guerra do Golfo tiveram uma taxa de não detonação superior a 14%, e apesar de ser um número alto, este pode ser ainda maior, visto que o Pentágono não revela os números reais.

Devido ao risco que estas armas representam para os civis, 123 países adotaram em 2008 uma convenção que proíbe a utilização de munições de fragmentação, visto que é estimado que mais da metade das vítimas dessas munições sejam civis.

*Com informações da Sputnik.


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