É imperioso que dê certo (Parte 1) | Por Joaci Góes

Sociedade brasileira é uma das mais desiguais do mundo.
Sociedade brasileira é uma das mais desiguais do mundo.

Ao casal amigo Professora Ieda e Governador João Durval Carneiro.

É alvissareira a notícia de que o Governo Federal estaria decidido a melhorar o ensino fundamental, médio e superior, no Brasil.

Se, no Século XVII, Francis Bacon estava certo ao dizer que “conhecimento é poder”, a partir da Revolução Digital, na década de 1970, o conhecimento passou a ser imperativo de sobrevivência das pessoas e dos povos, tamanha a relação linear crescente entre a riqueza e bem-estar coletivos com a qualidade dos conhecimentos que possuem. Por isso, é impróprio denominar de “milagre” a recuperação econômica de países como o Japão e a Alemanha, arrasados durante a Segunda Grande Guerra, e mais recentemente Singapura, Coreia do Sul, Finlândia e Noruega, tendo em vista o elevado padrão educacional que há muito praticam. O mesmo pode ser dito de todas as nações que integram o Primeiro Mundo.

O colossal desenvolvimento alcançado por esses países, a partir do início da Revolução Digital, decorre, diretamente, da prioridade que atribuíram à universalização da educação como fator de elevação da riqueza nacional. Indivíduos e organizações se sujeitam a esse mesmo imperativo. Prova-o a vertiginosa rotatividade de posição e de nomes dos que compõem o universo dos grandes e dos melhores em todos os países. De tal modo o conhecimento se impõe como a força modeladora da grandeza das pessoas, das empresas e dos povos, que a velha distinção entre ricos e pobres cede lugar à nova que distingue entre os mais e os menos educados. Fica fácil compreender por que a má qualidade da educação ministrada no Brasil constitui o maior obstáculo ao nosso desenvolvimento econômico, social, político e civilizacional.

Na sociedade do conhecimento em que estamos imersos, o Brasil não conseguirá, com a educação pífia que pratica, repetir o recorde de desenvolvimento econômico que conheceu, entre 1870 e 1987, período em que nosso PIB cresceu 157 vezes, contra 84 vezes o do Japão e 53 vezes o dos Estados Unidos. A sociedade excessivamente desigual e violenta que construímos no Brasil é o resultado da má qualidade do ensino público brasileiro, vítima, não raro, de uma combinação nefasta de incompetência, corrupção, populismo e primarismo ideológico.  Em consequência da má distribuição da educação que pratica, o Brasil ocupa a última posição, em matéria de distribuição de renda, entre as nações que integram o G20.

Falta, em nosso País, quem tenha a coragem de estabelecer, como objetivo, um padrão de qualidade na educação equiparável ao primário do Japão, o médio da Alemanha e o universitário dos Estados Unidos, consoante o preceito bíblico que diz que alcançamos pontos cada vez mais altos quando nos empenhamos em atingir as estrelas. Ou em linguagem mais corriqueira: avançamos sempre quando tentamos quebrar recordes.

Numa autocrítica louvável, 66% dos nossos professores reconhecem a baixa qualidade dos cursos universitários que fizeram.  A causa residiria na postura populista das faculdades que cursaram, ao priorizarem o pendor ideológico dos futuros mestres sobre sua formação técnica, onde personalidades como Fidel Castro, Hugo Chavez, Evo Morales, etc.. ganham relevo emblemático. O resultado não poderia ser outro: rotundo fracasso no cumprimento de sua missão pedagógica. A omissão de socorro intelectual de suas respectivas Secretarias de Educação resulta da ausência de critérios meritocráticos na avaliação do desempenho dos professores. Os melhores e os piores mestres são tratados como iguais na boca do cofre ao fim de cada mês, bem como no plano das promoções que passa a ser uma mera questão de decurso do tempo ou de conquista de títulos, com raras exceções. O deletério populismo demagógico condena a adoção de critérios meritocráticos como base de promoções e de aumento de ganhos. A ação sindical funciona como elemento detonador do princípio aristotélico que manda tratar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam, como também queria Rui. A conquista da autonomia pedagógica do professor é interpretada como inteiramente desvinculada do mérito. Para os pais, ignorantes em sua grande maioria, boa é toda escola que for limpa, bonita e tiver merenda e uniforme de qualidade.

Continuaremos na próxima semana.

*Joaci Góes, advogado, jornalista, empresário, ex-deputado federal constituinte e presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia (IGHB).


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