A recente viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe concluiu-se no domingo (27/08/2023) e trouxe à tona questões cruciais sobre a cooperação entre o Brasil e os países africanos. Com o objetivo de retomar a presença brasileira no continente, a viagem apresentou uma cartilha de boas intenções, mas também gerou questionamentos a respeito da estabilidade desse engajamento, despertando ceticismo entre os parceiros africanos.
Durante sua estadia, Lula realizou visitas bilaterais e multilaterais, buscando fortalecer os laços e reafirmar o compromisso do Brasil com a África. Contudo, especialistas observam que a instabilidade dos anos anteriores, em que o Brasil diminuiu sua presença no continente, gera dúvidas sobre a consistência e a efetividade das intenções apresentadas.
O presidente ressaltou a importância dessa reaproximação, mencionando que “o Brasil andou para trás” em relação ao continente africano, destacando o compromisso de “dizer ao continente africano que o Brasil está de volta a África”. O governo brasileiro assinou acordos de cooperação abrangendo comércio, saúde, educação e desenvolvimento agrícola durante sua visita a Luanda, Angola.
No entanto, a retórica das boas intenções é vista com ceticismo pelos analistas. Gustavo de Carvalho, pesquisador sênior em Governança e Diplomacia Africana no Instituto Sul-Africano de Assuntos Internacionais, destaca que as expectativas em relação ao Brasil diminuíram nos últimos anos, sobretudo devido à desaceleração do engajamento durante os governos de Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro.
Carvalho aponta para a frustração dos parceiros africanos com as promessas não cumpridas pelo Brasil. Ele ressalta que o Brasil prometia muito, mas nem sempre essas promessas se materializavam, gerando uma percepção de inconsistência. “O que vimos de fato foram experiências pontuais”, afirma Carvalho, “focadas em áreas de interesse do Brasil – e não necessariamente dos parceiros locais”.
Apesar desses desafios, o Brasil busca retomar a cooperação por meio de acordos e projetos de saúde, educação e agricultura. A reabertura de embaixadas e a expansão do relacionamento com países africanos são parte desse esforço, como a possível inauguração de uma representação em Ruanda.
A figura pessoal de Lula também desempenha um papel relevante na diplomacia brasileira na África. Sua presença é bem recebida, e sua reputação pessoal ainda é respeitada e admirada em muitos países africanos. Contudo, especialistas apontam para a necessidade de consistência nas ações do governo e cumprimento das promessas para garantir uma parceria duradoura e efetiva.
Enquanto o Brasil busca reafirmar sua presença no continente africano, a incerteza paira sobre a trajetória da cooperação entre as nações. Resta observar como as intenções apresentadas pelo Brasil durante a visita de Lula se materializarão e se a retórica das boas intenções será efetivamente transformada em resultados tangíveis para a África e para o próprio Brasil.
*Com informações da Sputnik News.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




