Desistência Universitária no Brasil: Dificuldades financeiras, ensino médio de baixa qualidade e desilusão estão entre as principais causas 

Desistência Universitária no Brasil: Dificuldades financeiras, ensino médio de baixa qualidade e desilusão estão entre as principais causas.

Reportagem do Jornal Folha de S.Paulo revela o quadro de abandono de alunos matriculados no ensino universitário no Brasil como um cenário alarmante, com menos de metade das matrículas no ensino superior resultando em diplomas, de acordo com dados do Censo do Ensino Superior 2022 do Ministério da Educação (MEC). A dificuldade financeira desponta como o principal fator de desistência, seguida pelas deficiências de aprendizado provenientes do ensino médio, falta de orientação acadêmica e a desilusão com os cursos escolhidos.

Os números revelam que a taxa de desistência é mais elevada no ensino particular do que no público, com homens abandonando mais frequentemente do que mulheres, e pessoas mais velhas desistindo em maior proporção. A concessão de bolsas de assistência emerge como um fator mitigador da evasão.

Vitória Regina Batista da Silva, estudante de enfermagem na Universidade de Pernambuco, ilustra a realidade enfrentada por muitos. Com uma bolsa de apenas R$ 400, ela depende desse auxílio para custear o transporte público, gastando horas diárias para se deslocar.

O aumento da democratização do ensino superior, com cotas e Sisu, trouxe um novo perfil de estudante, muitos enfrentando desafios financeiros, exigindo maior suporte, como restaurante universitário, moradia e assistência para mães estudantes. Contudo, mesmo com programas como o Pnaes para federais, a falta de apoio nas públicas estaduais se torna evidente.

O levantamento também destaca que alunos beneficiados pelas políticas de cotas têm taxas de desistência inicialmente menores, demonstrando motivação e valorização do diploma. No entanto, as deficiências de aprendizado do ensino médio e o desempenho acadêmico no primeiro ano ainda são desafios.

A falta de treinamento pedagógico para professores universitários e a ausência de orientação para alunos com dificuldades contribuem para a evasão, especialmente em cursos mais técnicos, como física e matemática. A expectativa muitas vezes se choca com a realidade do curso, levando à desilusão e ao abandono.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) destaca que a evasão é um cálculo complexo, considerando transferências e mudanças de curso. A falta de contagem individual de dados, devido à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), complica a análise atual, mas retroativamente, a taxa de desistência média em 2013 foi de 58%.

Diante desse cenário, o Inep busca desenvolver uma metodologia para calcular a evasão por instituição de ensino superior, prometendo divulgar análises mais detalhadas até o final de 2023.

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