No Brasil, a defesa de direitos humanos se tornou uma jornada perigosa, com ativistas e movimentos sociais enfrentando ameaças e violência em uma luta constante pela implementação de direitos e garantias fundamentais. Um levantamento das organizações Terra de Direitos e Justiça Global revela que, de 2019 a 2022, o Brasil testemunhou 1.171 casos de violência contra defensores de direitos humanos, resultando em 169 assassinatos. Esses números posicionam o Brasil entre os países mais perigosos do mundo para aqueles que dedicam suas vidas à defesa dos direitos humanos.
Em meio a esse cenário desafiador, Tiago Henrique Karai Djekupe, xondaro ruwixa da Terra Indígena Jaraguá, compartilha sua experiência de uma tentativa de homicídio ocorrida no início deste ano. A história de Djekupe remete à ancestralidade, à resistência dos povos indígenas e à complexa relação com as disputas territoriais.
A Terra Indígena Jaraguá, localizada na cidade de São Paulo, representa um reduto preservado da Mata Atlântica, mas também é palco de conflitos e interesses econômicos poderosos. O território foi demarcado em 1987, mas desde então, enfrenta desafios, incluindo uma tentativa de redução em 2016, que, apesar de uma liminar suspendendo a portaria, continua a ameaçar a comunidade guarani.
Karai Djekupe destaca a luta constante contra interesses econômicos, exemplificando situações em que famílias influentes, como os Pereira Leite, reivindicam partes da terra para projetos comerciais. A defesa da terra é uma constante, e Djekupe relembra as palavras de seu avô, ressaltando que a terra não se troca por papel.
O levantamento das organizações aponta que 15 famílias reivindicam propriedades na Terra Indígena Jaraguá, evidenciando as disputas fundiárias como um dos principais gatilhos de violência. A situação dos guarani em São Paulo é um reflexo dessa realidade, onde defensores do meio ambiente e do direito à terra enfrentam riscos significativos.
A análise de dados mostra que, de cada dez casos de agressões, oito envolvem pessoas em conflitos fundiários, e 140 defensores foram assassinados por protegerem seus territórios. Essa estatística inclui casos emblemáticos, como os indigenistas Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, mortos no Vale do Javari em 2022, bem como o recente assassinato de Maria Bernadete Pacífico, líder do Quilombo de Pitanga dos Palmares, na Bahia, em 2023.
O psicanalista Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, destaca a dicotomia persistente na luta por direitos, remontando aos tempos escravagistas, entre “os alguém e os ninguém”.
*Com informações da Agência Brasil.
Share this:
- Click to print (Opens in new window) Print
- Click to email a link to a friend (Opens in new window) Email
- Click to share on X (Opens in new window) X
- Click to share on LinkedIn (Opens in new window) LinkedIn
- Click to share on Facebook (Opens in new window) Facebook
- Click to share on WhatsApp (Opens in new window) WhatsApp
- Click to share on Telegram (Opens in new window) Telegram
Relacionado
Discover more from Jornal Grande Bahia (JGB)
Subscribe to get the latest posts sent to your email.




