A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília concluiu, em outubro de 2023, seu relatório final, elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O documento pediu o indiciamento de 61 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-ministros, por crimes como associação criminosa, violência política, abolição do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe. A senadora afirmou que Bolsonaro foi o “autor intelectual e moral” dos ataques, usando seus seguidores para tentar escapar de seus próprios crimes.
Para analistas ouvidos pela Agência Brasil, as intenções por trás da intentona de 8 de janeiro vão além das conclusões apresentadas pela CPMI. O psicólogo, escritor e professor de filosofia da Unifesp, Tales Ab´Sáber, vê o episódio como uma insurgência de extrema direita, conectada imaginariamente às Forças Armadas, que, segundo ele, mantêm um comportamento ambíguo em relação aos apelos antidemocráticos, sendo percebidas por parte da sociedade como uma força que pode intervir no caos brasileiro.
O antropólogo Piero Leirner, especialista em questões militares, guerra e Estado, destaca que havia interesses diversos em jogo. Ele argumenta que os militares estiveram cientes e até forneceram apoio ao acampamento bolsonarista diante do Quartel General do Exército, mantendo uma postura de “golpe de vista” para tirar vantagem política. Já o professor Thiago Trindade ressalta a distinção entre os eventos de 6 de janeiro em Washington e 8 de janeiro em Brasília, destacando a participação dos militares no Brasil.
O professor Lucio Rennó, do Instituto de Ciência Política da UnB, descreve o 8 de janeiro como o ponto mais alto de um processo contínuo de crise democrática no Brasil, marcado pela polarização e mudança nas expectativas da população sobre o regime democrático. Ele observa que a ascensão da extrema direita no país mobiliza setores da opinião pública e empresarial em favor de medidas econômicas liberal-conservadoras, favorecendo determinados grupos econômicos.
O economista André Roncaglia pondera que não há garantia histórica de que regimes democráticos são mais exitosos economicamente, mas destaca que a democracia permite a expressão das vontades da população. Ele ressalta que o endurecimento do regime durante o governo Bolsonaro beneficiaria alguns grupos econômicos.
O relatório da CPMI também aponta empresários financiadores como parte do problema, recomendando punições e mudanças na legislação para evitar falhas que permitiram o 8 de janeiro. A relatora Eliziane Gama convida a sociedade a refletir sobre as causas do episódio e propor soluções para encerrar o ciclo golpista contra a democracia.
*Com informações da Agência Brasil.
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