Na esteira dos eventos do 8 de janeiro de 2023, em Brasília, o papel das Forças Armadas no cenário político brasileiro vem sendo questionado, indo além das responsabilidades individuais dos militares envolvidos nos atos golpistas. O professor de ciência política da Universidade de Brasília, Rodrigo Lentz, destaca que as Forças Armadas, como instituição, têm uma responsabilidade política na invasão das sedes dos Três Poderes. Segundo Lentz, o Exército permitiu que a instituição fosse usada para conspirar o golpe de Estado, apontando para a necessidade de reformas nas relações civis-militares.
O pesquisador menciona diversas ações e omissões que, segundo ele, confirmam a tolerância das Forças Armadas com o movimento golpista. Desde a adesão a projetos políticos partidários, passando pela ocupação de cargos ministeriais por militares de alta patente, até a atuação na comissão de fiscalização do TSE e a postura em relação aos acampamentos, Lentz aponta para uma série de fatores que contribuíram para o clima de instabilidade.
Destaque é dado à nota dos comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022, que, segundo Lentz, alimentou a “sanha golpista”. O texto, intitulado “Às Instituições e ao Povo Brasileiro”, foi criticado por juristas e ministros do STF por atribuir às Forças Armadas um papel de “moderador” da República, acima dos Poderes constituídos.
O ministro da Defesa, José Múcio, e o ministro interino da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, defendem a separação entre indivíduos e instituições. Múcio reconhece irregularidades individuais, mas alega que a instituição não apoiou a tentativa golpista. O Exército também anunciou punições disciplinares a dois militares envolvidos nos atos do 8 de janeiro.
Rodrigo Lentz alerta para uma estratégia de limpeza da imagem das Forças Armadas em curso, buscando uma pacificação das relações institucionais no país. No entanto, ele argumenta que essa pacificação, ao sugerir impunidade, não condiz com o regime democrático e destaca a necessidade de mudanças estruturais, com maior participação social e capacitação de civis na política de Defesa.
O pesquisador enfatiza a importância de investigações que alcancem a cúpula das Forças Armadas e defende responsabilização individual dos generais envolvidos nos acontecimentos de janeiro. A CPMI que investigou o 8 de janeiro indicou diversos militares, incluindo generais, por suposta participação no movimento golpista.
*Com informações da Agência Brasil.
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